As investigações que resultaram na nova fase da Operação Lava Jato, levada a cabo esta sexta-feira pela Polícia Federal (PF) brasileira, levaram à prisão de dois dos principais executivos do país envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras: o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e o homónimo da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo.
A 14ª fase da operação Lava Jato, que conta 59 mandados judiciais a serem cumpridos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, revela que as empreiteiras Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez lideravam o cartel de empreiteiras que superfaturavam contratos da estatal Petrobras.
Em comunicado, a Odebrecht diz acreditar que “a prisão é desnecessária pois a empresa tem colaborado com as investigações policiais.”
De acordo com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF), as duas empreiteiras, no entanto, ao contrário das demais investigadas, recorriam a um esquema “mais sofisticado” de pagamento de subornos a agentes públicos e políticos através de contas no exterior, o que exigiu maior aprofundamento das investigações antes do pedido de prisão dos diretores das empresas.
De acordo com o procurador da República brasileiro, Carlos Fernando dos Santos Lima, três colaboradores – entre eles, os ex-diretores da Petrobras, presos em fases anteriores da Lava Jato, Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco – disseram que receberam luvas da Odebrecht fora do país, por meio de empresas offshore. Esses pagamentos, segundo Lima, foram identificados pela PF e pelo MPF com a colaboração com autoridades estrangeiras.
“Observou-se que, nas empreiteiras que foram denunciadas até aqui, o contato era diretamente com o [doleiro] Alberto Youssef e as empresas dele, em um esquema relativamente simples e fácil de comprovar. Entretanto, o esquema de lavagem que deparamos agora é de depósito no exterior”, explicou Lima.
“Uma série de colaboradores nos indicaram os caminhos dos valores no exterior e isso reforçou, neste momento, a necessidade do pedido da prisão dos executivos dessas empresas”, acrescentou o procurador.
“Esses colaboradores indicam que essas empresa fizeram pagamentos no exterior, então identificamos as empresas offshore que intermediaram os pagamentos. Quando temos três colaboradores, o nível de confirmação aumenta consideravelmente”, completou.
Além do esquema de fraudes na Petrobras, as investigações que resultaram nesta fase da operação, que foi chamada de “Erga Omnes” (expressão em latim que significa “vale para todos”), identificaram que a Odebrecht também pode ter fraudado contratos para as obras da usina nuclear Angra 3, no Rio de Janeiro.