Corrupção com comida na Força Aérea durou 30 anos e lesou o Estado em milhões

A investigação de corrupção nas messes da Força Aérea, com produtos alimentares, apurou que o esquema que envolve altas patentes se arrastava há 30 anos, envolvendo quase todas as bases do país, com prejuízos para o Estado superiores a dez milhões de euros.

A Polícia Judiciária deteve 16 pessoas, entre as quais 12 militares e quatro empresários, esta terça-feira, depois de numa primeira fase, em Novembro de 2016, ter detido outros cinco militares.

Estes suspeitos, entre os quais se encontram um major-general e um coronel, e ainda três capitães e cinco sargentos, estão indiciados por crimes de corrupção, abuso de poder e falsificação de documentos, no âmbito da comercialização de géneros alimentícios nas messes da Força Aérea.

O Correio da Manhã fala de um esquema que garantiu “milhares de euros” aos envolvidos, notando que “um major-general” seria “o cérebro” desta alegada rede de corrupção.

Denominada “Operação Zeus”, a investigação da PJ apurou que “os fornecedores entregavam determinadas quantidades de alimentos e no final do mês, quando apresentavam a factura, esta apresentava um valor três vezes superior ao volume de alimentos entregue”, atesta o Diário de Notícias.

De acordo com este jornal, o esquema durava há mais de 30 anos, num sistema “universal” a quase todas as bases do país, exceptuando Ovar e Açores.

O DN destaca que o juiz de instrução que avaliou o processo considerou haver um “enraizamento da conduta por todos os elementos das messes” e “um clima de aliciamento de militares para o esquema baseado na “obediência hierárquica solidamente instituída”.

A PJ efectuou buscas em várias bases do país e o diário nota que, só em Monte Real, cinco militares terão lucrado 130 mil euros com o esquema, em apenas onze meses.