A China elevou para 106 o número de mortos causados pelo coronavírus e o número de infetados já chegou aos quatro mil. Esta segunda-feira, confirmou-se um caso na Alemanha, sendo agora o segundo país da Europa afetado pelo vírus.
As autoridades de saúde da província de Hubei, onde a epidemia começou, disseram que o vírus matou mais 24 pessoas e infetou 1291, aumentando o número de pacientes confirmados para mais de quatro mil na China e o números de mortos para 106.
O Governo prolongou o período de férias do Ano Novo Lunar, que deveria terminar na quinta-feira, para tentar limitar a movimentação da população e enviou quase seis mil médicos de todo o país para Hubei para reforçarem a luta contra o surto.
Esta segunda-feira, o primeiro caso de contaminação foi confirmado na Alemanha. “Um homem da região de Starnberg foi infetado com o novo coronavírus” e “está sob vigilância médica e em isolamento”, informou um porta-voz do ministério da Saúde da Baviera.
Hoje, as autoridades confirmaram a existência de dois casos — um na Alemanha e outro no Japão — de doentes infetados que não estiveram na China.
O alemão tem 33 anos e trabalha para um fornecedor de automóveis na Baviera, tendo sido infetado em janeiro por uma colega que foi da China para a Alemanha para fazer uma formação durante alguns dias.
A funcionária chinesa esteve entre 19 e 22 de janeiro na Alemanha e, ao regressar ao seu país, “sentiu-se mal”, contou o diretor do Serviço de Saúde da Baviera, Andreas Zapf.
A mulher foi, de imediato, diagnosticada como caso positivo de coronavírus e, entretanto, um dos funcionários da empresa que havia participado na formação, apresentou também sintomas de gripe, acabando por ser confirmado como caso positivo.
Até agora nenhum outro caso suspeito foi relatado na Alemanha, mas as autoridades estão a avaliar 40 pessoas que entraram em contacto com os dois funcionários infetados, dentro ou fora da empresa.
Um outro caso de contaminação no próprio solo aconteceu no Japão. As autoridades japonesas anunciaram um caso do vírus num homem que não visitou a China, mas transportou turistas de Wuhan.
Governo quer retirar portugueses de Wuhan
Também já foram reportados casos de infeção em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Austrália e Canadá.
Alguns destes Estados, como os EUA, Japão, Sri Lanka, Austrália e França, estão a preparar com as autoridades chinesas a retirada dos seus cidadãos de Wuhan, onde também se encontram duas dezenas de portugueses.
O Governo português também já mostrou a sua intenção de retirar por via aérea os portugueses retidos em Wuhan, que se encontra em regime de quarentena, recorrendo a um avião civil fretado.
Ontem, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, garantiu que estes portugueses “estão saudáveis” e estão previstos protocolos de saúde para uma eventual retirada desses cidadãos.
A responsável explicou ainda que, “como vêm do epicentro da doença”, à chegada a Portugal será feita uma “pequena história clínica, para perceber se estiveram em contacto com doentes” infetados ou se estiveram em contacto com animais.
Autarca admite ter escondido informação
Segundo o semanário Expresso, Zhou Xianwang, autarca de Wuhan, admitiu ter escondido informações sobre o surto, tendo dado tempo para que saíssem da cidade pelo menos cinco milhões de pessoas, o que pode ter contribuído para que o vírus se espalhasse pelo país.
A revelação foi feita à televisão estatal chinesa, com o autarca a concluir que a melhor solução era colocar o cargo à disposição. A mesma decisão foi tomada pelo secretário do Partido Comunista da China em Wuhan, Ma Guoqiang.
Além disso, o Governo chinês continua a censurar publicações sobre o coronavírus na Internet, onde se incluem publicações eliminadas das redes sociais e notícias apagadas.
O vírus foi inicialmente detetado, no mês passado, num mercado de mariscos nos subúrbios de Wuhan, que é também um importante centro de transporte doméstico e internacional.
A doença foi identificada como um novo tipo de coronavírus, semelhante à pneumonia atípica, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que entre 2002 e 2003 matou 650 pessoas na China continental e em Hong Kong.
Os sintomas associados à infeção causada pelo coronavírus com o nome provisório de 2019-nCoV são mais intensos do que uma gripe e incluem febre, dor, mal-estar geral e dificuldades respiratórias, como falta de ar.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) corrigiu a sua avaliação de risco do coronavírus, tendo passado o nível de “moderado” para “risco internacional”.
Para além de colocar em risco a saúde pública, analistas estão a prever um abrandamento da economia chinesa no primeiro trimestre do ano e alertam para o impacto a nível mundial.
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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