Ataques ao candidato democrata e à esquerda radical, bem como a defesa intransigente da lei nas ruas, marcaram o terceiro dia da Convenção Republicana, esta quarta-feira, que se centrou na figura do vice-presidente.
O vice-Presidente, Mike Pence, o orador da noite, aproveitou o momento em que o país se manifesta contra a injustiça racial, devido ao novo caso de violência policial contra o afro-americano Jacob Blake, para argumentar que os líderes democratas estão a permitir que a ilegalidade prevaleça nas cidades norte-americanas.
No seu discurso na Convenção Nacional Republicana, Pence aceitou a nomeação do partido para vice-Presidente de Donald Trump e falou da violência que eclodiu precisamente em Kenosha, no Wisconsin.
“A violência deve parar, seja em Minneapolis, Portland ou Kenosha”, afirmou o vice, acrescentando: “Teremos lei e ordem nas ruas deste país para cada americano de cada raça, credo e cor”.
Para o republicano, a “dura verdade” é que os norte-americanos “não estarão seguros nos Estados Unidos de Joe Biden” porque este “apoia as mesmas políticas que estão a gerar ruas inseguras e violência nas cidades dos EUA”.
Pence disse ainda que o candidato democrata à Casa Branca “cortaria fundos” para a polícia, mesmo depois de o ex-vice-Presidente de Barack Obama já o ter negado.
“Joe Biden levaria os Estados Unidos por um caminho de socialismo e declínio, mas não vamos permitir que isso aconteça”, disse Pence, que falou de Fort McHenry, em Baltimore (Maryland), conhecido por ser o local de uma batalha que, em 1812, inspirou a composição do hino nacional norte-americano.
O vice-presidente aproveitou o facto de Biden se ter definido como um “candidato de transição” para argumentar que isso dará poder a figuras mais progressistas e sentenciou: “Joe Biden seria nada mais do que um cavalo de Tróia da esquerda radical“.
O discurso enquadrou-se num dos grandes temas do terceiro dia da convenção, o da “lei e ordem”, e o apoio incondicional à polícia diante de acontecimentos como os protestos raciais, sem se aprofundar as causas profundas que estão na base do descontentamento.
“Nos nossos primeiros três anos, construímos a melhor economia do mundo. Tornámos a América grande novamente”, sublinhou, numa referência ao slogan da campanha de Trump, para justificar depois a crise económica e o atual desemprego nos Estados Unidos: “E então o coronavírus veio da China”.
Pence defendeu que a proibição de Trump de entrada de estrangeiros da China “salvou inúmeras vidas americanas” e descreveu a resposta à pandemia como “a maior mobilização nacional desde a Segunda Guerra Mundial”.
Tal como a Primeira-dama, Melania Trump, na noite anterior, Pence dedicou algumas palavras a “todas as famílias que perderam entes queridos e cujos parentes ainda lutam contra a doença”, mas orgulhosamente defendeu que “as escolas estão a reabrir” no país, apesar de se manter elevado o número de casos e óbitos.
O vice-presidente garantiu que a eleição de 3 de novembro será entre “um político de carreira que presidiu à recuperação económica mais lenta desde a Grande Depressão”, numa alusão a Biden, “ou um líder comprovado que criou a maior economia do mundo“.
O Partido Republicano encerra, esta quinta-feira, a sua convenção com o discurso de aceitação de Donald Trump como candidato às eleições Presidenciais.
O discurso de aceitação de Trump será feito numa transmissão direta a partir da Casa Branca, cenário que tem gerado algumas críticas, uma vez que os Presidentes não devem usar a residência oficial ou edifícios públicos para atos de campanha.
No discurso após ter sido nomeado no primeiro dia de trabalhos da convenção, Trump prometeu que, se for reeleito, vai contratar mais polícias, fortalecerá as Forças Armadas, nomeará mais juízes que se opõem à interrupção voluntária da gravidez e continuará com a política externa protecionista com agravamentos para os países que se “aproveitam” dos Estados Unidos, como a China.
Dois dos momentos que lhe trouxeram maiores aplausos aconteceu quando Trump prometeu, primeiro, que irá proteger os direitos dos norte-americanos ao porte de arma e, depois, quando, em referência aos democratas, os avisou que os Estados Unidos “nunca serão um país socialista”.
ZAP // Lusa