O terceiro dia de protestos antirracistas em Kenosha, nos Estados Unidos, provocados pelo abuso policial de que Jacob Blake, alvejado nas costas foi alvo, resultou em dois mortos. A polícia deteve já um suspeito com 17 anos.
De acordo com a CNN, um homem que se identifica no Facebook como CJ Halliburton, e que diz ser jornalista, estava a fazer um direto para a rede social durante os protestos de terça-feira quando ouviu disparos. Sem desligar o vídeo, correu na direção do som para perceber o que tinha acontecido e, quando chega ao local, ouve gritos e vê pessoas a correr.
“Ele baleou aquele rapaz no estômago”, disse Halliburton. “As pessoas estão a ser baleadas à nossa volta”. Ao fundo, pode ouvir-se: “Preciso de um médico!”.
As autoridades de Kenosha, no estado de Wisconsin, nos Estados Unidos, anunciaram a detenção de um suspeito de 17 anos pela morte de dois manifestantes antirracistas.
David Beth, responsável pela polícia de Kenosha, disse, em declarações ao jornal norte-americano The New York Times, que está em curso uma investigação para perceber se o tiroteio resultou de um conflito entre os manifestantes e um grupo de homens armados que protegiam lojas.
O Facebook também está a investigar a atividade na rede social relacionada com o tiroteio de terça-feira. Um grupo chamado Kenosha Guard (“guarda de Kenosha”) promoveu um evento chamado “Cidadãos armados para proteger as nossas vidas e a nossa propriedade”, no qual 2.600 utilizadores disseram que marcariam presença. O evento foi removido pelo Facebook por violar a política da empresa.
Não é ainda certo se o tiroteio está ligado com este evento. O Facebook anunciou ainda que vai ainda apagar os conteúdos que elogiem a violência policial.
Donald Trump afirmou no Twitter que o governo ia fornecer assistência federal para impedir novos confrontos entre os manifestantes antirracistas e as milícias de brancos que povoam Kenosha. No entanto, o governador de Wisconsin rejeitou tal pedido de ajuda das autoridades federais.
Os protestos antirracistas em Kenosha surgiram na sequência do incidente de domingo, quando um homem afro-americano foi baleado oito vezes pelas costas pela polícia. O progenitor de Jacob Blake, que se encontra hospitalizado, afirmou que o filho tem “oito buracos” no corpo e que está paralisado da cintura para baixo, acrescentando que neste momento os médicos não sabem se a paralisia será permanente.
Este ataque aconteceu meses depois de George Floyd, afro-americano, ter morrido asfixiado pelo joelho de um polícia branco em maio passado, na cidade de Minneapolis.
ZAP // Lusa