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No segundo dia da Convenção Republicana, Trump voltou-se para a família

Michael Reynolds / EPA

A Primeira-dama dos Estados Unidos, Melania Trump, discursou no segundo dia da Convenção Republicana

No segundo dia da Convenção Nacional Republicana, esta terça-feira, o Presidente dos Estados Unidos voltou-se para a família, perdoou um ex-criminoso e supervisionou uma cerimónia de naturalização para cinco imigrantes.

No segundo dia da convenção do Partido Republicano, foi o discurso da Primeira-dama dos Estados Unidos, Melania Trump, nos jardins da Casa Branca, aquele que mais se destacou, tendo abordado temas como a pandemia de covid-19 e o racismo no país.

“Desde março, as nossas vidas mudaram drasticamente. O inimigo invisível, covid-19, atacou o nosso lindo país e afetou-nos a todos. Apresento a minha profunda solidariedade a todos aqueles que perderam um ente querido”, afirmou.

Parem com a violência e as pilhagens em nome da justiça e não façam suposições com base na cor de pele das pessoas”, apelou a Primeira-dama.

A mulher do Presidente norte-americano também se recusou a criticar a oposição. “Não quero perder este tempo valioso a atacar o outro lado porque, tal como vimos na semana passada, esse tipo de conversa apenas consegue dividir ainda mais o país“, declarou.

“Estou aqui porque precisamos que o meu marido seja o nosso Presidente e Comandante-Chefe por mais quatro anos. Com o meu marido, terão um Presidente que não vai parar de lutar por vocês e pelas vossas famílias”, garantiu Melania, ela própria uma imigrante.

Melania Trump e dois dos cinco filhos do candidato do Partido Republicano, Eric e Tiffany, foram algumas das apostas em destaque no segundo dia da Convenção, que incluiu ainda uma intervenção inédita, a partir de Jerusalém, do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo.

De acordo com a SIC Notícias, esta foi a primeira vez, em 75 anos, que um secretário de Estado falou numa convenção partidária.

Entre os elogios à atuação de Trump na política externa, Pompeo elencou o que foi alcançado com o atual Presidente no Irão e na Coreia do Norte, por exemplo, mas sublinhou sobretudo a forma como tem sido gerido o dossiê chinês, tanto na responsabilização de Pequim quanto à pandemia, como no desenvolvimento do braço-de-ferro comercial.

“Este Presidente teve iniciativas corajosas no mundo inteiro. Na China, conseguiu revelar o ataque selvagem do Partido Comunista Chinês. O nosso Presidente responsabilizou a China por encobrir o vírus da China, permitindo que espalhasse morte e destruição económica na América e no resto do mundo”, afirmou Pompeo.

O discurso do secretário de Estado durante a viagem oficial a Israel já motivou críticas e suscitou pedidos para a abertura de uma investigação.

A Convenção republicana contou ainda com o discurso de um nativo-americano e de uma ativista anti-aborto e, num dos momentos mais emocionantes da noite, foi mostrado um vídeo no qual Trump assinou um perdão a Jon Ponder, um ex-assaltante de bancos condenado, que fundou uma organização que ajuda prisioneiros a reintegrarem-se na sociedade.

“Vivemos numa nação de segundas oportunidades”, afirmou Ponder ao lado do chefe de Estado, que sublinhou, por sua vez, que “a vida de Jon é um belo testemunho do poder da redenção”.

Os republicanos procuraram passar uma imagem de inclusão, tendo sido transmitida uma cerimónia de naturalização de cinco imigrantes e discursos do procurador-geral de Kentucky, Daniel Cameron, e a governadora da Florida, Jeanette Nunez.

Cameron foi o primeiro afro-americano a ocupar um cargo estadual no Kentucky. Nunez foi a primeira latina governadora na Florida.

Por outro lado, a Convenção ficou igualmente marcada por um incidente: Mary Ann Mendoza, uma mulher do Arizona, cujo filho, um polícia, foi morto, em 2014, num acidente de carro que envolveu um imigrante ilegal, foi retirada do programa minutos antes do início do evento. Mendoza tinha direcionado os seus seguidores no Twitter para uma série de mensagens anti-semitas e conspiratórias.

A dez semanas das Presidenciais, Trump está sob crescente pressão para remodelar os contornos da campanha, enquanto tenta conter a pandemia e a devastação económica, com os republicanos a procurarem identificar uma mensagem política consistente que garanta a sua reeleição.

O número de mortos por covid-19 no país aproxima-se dos 180 mil, de longe o maior do mundo, e não há sinal de desaceleração. Além disso, a taxa de desemprego ainda ultrapassa os 10%, mais alta do que durante a Grande Recessão. E teme-se que mais de 100 mil empresas fechem para sempre as portas.

A maioria das sondagens dão vantagem ao rival democrata Joe Biden, que também lidera em questões como caráter, confiança e simpatia. As eleições estão agendadas para 3 de novembro.

Esta terça-feira, o Presidente também apresentou a sua agenda para os próximos quatro anos, sendo a presença tripulada permanente na Lua um dos seus objetivos.

ZAP // Lusa

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