Sineenat Wongvajirapakdi, que foi nomeada pelo rei da Tailândia como a sua concubina e conquistou o título de Royal Noble Consort, perdeu tudo em menos de três meses por causa de um comportamento inadequado. Agora, desapareceu misteriosamente.
A mulher, de 34 anos, não é vista em público desde que o monarca Maha Vajiralongkorn – também conhecida como Rama X – lhe tirou as suas honras e postos militares em outubro do ano passado. Wongvajirapakdi foi descrita como “desleal” e “ambiciosa” e acusadoa de não entender a verdadeira tradição, agindo para “se beneficiar”.
Desde então, o seu paradeiro é desconhecido. A sociedade tailandesa suspeita que Wongvajirapakdi possa estar presa – ou até morta.
Devido aos rumores, o jornalista escocês Andrew MacGregor Marshall, especialista na realeza tailandês, publicou uma série de textos na rede social Twitter para tentar esclarecer o assunto. Na primeira publicação, em 3 de janeiro, o jornalista disse que não conseguia confirmar ou negar os rumores sobre a morte de Sineenat, também conhecido como Koi.
Nessa altura, foram divulgadas algumas imagens do seu suposto funeral. Um utilizador do Twitter escreveu uma publicação no início de janeiro a informar que o funeral foi realizado num templo na província de Nan. O utilizador escreveu também que a cerimónia contou com a presença de parentes e que a mãe de Koi sofreu convulsões e teve de ser levada para um hospital.
Por outro lado, MacGregor disse que as suas fontes não tinham conseguido verificar se a mulher morreu mesmo, mas que sabia que foi presa e transferida recentemente da prisão de alta segurança em Banguecoque, Klong Prem, para uma prisão que o monarca mantém no seu palácio.
“Fontes confiáveis dizem que a ex-companheira do rei Vajiralongkorn, Sineenat Koi Wongvajirapakdi, foi recentemente transferida da prisão de Klong Prem para a prisão pessoal do monarca no palácio de Thaweewattana. Mas ainda não consigo confirmar os rumores de que morreu”, escreveu.
Além disso, o jornalista disse que não acredita que os rumores sejam verdadeiros. “Nenhuma das minhas fontes consegue verificar se Koi está morta. Todos ouviram os rumores, mas acho que isso provavelmente não é verdade. No entanto, foi presa e a sua casa demolida e não sabemos ao certo se está viva. Bem-vindos à Tailândia em 2020“, escreveu o jornalista.
“Se a Tailândia fosse um verdadeiro país democrático, os cidadãos teriam o direito de perguntar o que aconteceu a Koi, os media investigariam e o governo teria de responder às suas perguntas. Mas, na falsa democracia da Tailândia, nada disso acontecerá”, lamentou.
Em maio de 2019, a dias da cerimónia da sua coroação, o rei da Tailândia, Maha Vajiralongkorn, casou com a sua guarda-costas Suthida Vajiralongkorn Na Ayudhya. Há muitos anos que Suthiida e Vajiralongkorn eram vistos juntos em público, mas nunca antes tinha sido confirmado oficialmente o relacionamento entre os dois.
No fim de julho, o rei da Tailândia concedeu títulos reais a Sineenat, durante a comemoração do seu 67.º aniversário, restabelecendo assim a poligamia real na Tailândia, prática que tinha sido abandonada em 1921. A cerimónia contou com a participação da rainha Suthida Tidjai.
Antes de ser vice-chefe de segurança do Rei, Suthida era comissária de bordo na Thai Airways. Posteriormente, em dezembro de 2016, foi nomeada general do seu exército. Além do título de consorte real, Sineenat Wongvajirapakdi, que era enfermeira do rei, recebeu mais três, incluindo o de oficial superior da equipa de guarda-costas reais.
Porém, em outubro, o rei da Tailândia retirou todo os títulos oficiais de Sineenat Wongvajirapakdi, que terá sido “despromovida” por mau comportamento e deslealdade. Outras ofensas incluem “insubordinação ao rei”, “falta de gratidão” e “causar discórdias entre os funcionários da casa real”.
Os atos e decisões do rei não podem ser criticados, uma vez que, na Tailândia, o desrespeito pela família real pode resultar numa pena de 15 anos de prisão.
Vajiralongkorn, décimo monarca da dinastia Chakri, foi proclamado rei em dezembro de 2016, três meses após a morte de seu pai, o rei Bhumibol Adulyadej, que reinou por sete décadas. O rei, de 66 anos, deverá enfrentar comparações em relação ao seu pai, que foi muito trabalhador e profundamente respeitado pelos tailandeses.
Muitos questionam ainda o porquê de ter demorado quase três anos até fazer a cerimónia de coroação. Tardou, mas a 4 de maio começaram as cerimónias budistas e brâmanes, que culminaram com uma procissão por Bangkok, tendo o rei sido coroado numa sumptuosa cerimónia no Grande Palácio Real.