António Costa aposta na “profissionalização da comunicação” numa altura em que adivinhou que o seu Governo maioritário estaria sob forte pressão mediática. A “central de comunicação do Governo” que trata de passar da melhor forma a mensagem é assegurada por 15 pessoas.
O primeiro-ministro apostou forte na comunicação com a contratação de João Cepeda para o cargo de director de comunicação do Governo. Mas as coisas não começaram da melhor forma – é só olhar para os casos e casinhos que se sucederam na imprensa, com várias demissões pelo meio.
Mas depois da recuperação do cargo de secretário de Estado-adjunto do primeiro-ministro, agora ocupado por António Mendonça Mendes, a “coordenação” da comunicação passou a correr melhor.
Agora, a “central de comunicação do Governo”, como lhe chama o Expresso, é composta por 15 pessoas.
Sem orçamento próprio, o gabinete de comunicação do Governo funciona em duas dimensões: “uma política e uma operacional”, como explica ao Expresso uma fonte do Executivo. “Um tem a iniciativa política e faz comunicação política, o outro comunica as políticas desenhadas”, explica.
“Não é propaganda, é mostrar o que o Governo está a fazer bem”
Tomando como exemplo, o programa Mais Habitação, após a decisão política coordenada entre o primeiro-ministro e a ministra da Habitação, “o gabinete de Mendonça Mendes ficou com a preparação do documento que iria para consulta pública e com o conteúdo da intervenção de Costa”, refere a mesma fonte ao semanário.
Já “o gabinete de Cepeda ficaria com o desenho do “conceito”, que vai desde nome, logótipo, passando pela preparação visual dos documentos, criação do microsite sobre o tema e simplificação da mensagem nas redes sociais”, acrescenta.
Esta fonte também nota que “não é propaganda, é mostrar o que o Governo está a fazer bem”.
Vídeos acessíveis e ministros a falar em pé
Algumas das novidades da comunicação do Governo que são óbvias desde a implantação deste gabinete são, nomeadamente, os vídeos de ministros no Instagram a explicar medidas, ou os vídeos de promoção do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência).
Também há imagens com slogans típicos da publicidade e escrevem-se conteúdos positivos sobre o Governo, com os chamados “casos positivos”.
Mas uma das primeiras medidas implementadas sob a liderança de João Cepeda foi “mudar o aspeto visual dos briefings do Conselho de Ministros”, como refere o Expresso. Assim, os ministros passaram a falar de pé ao invés de surgirem sentados à mesa nas conferências de imprensa, à imagem do que sucede também na União Europeia.
“Um Governo sentado é um Governo cansado”, foi a linha seguida para mudar as coisas, como destaca o Expresso.
15 pessoas num open space do outro lado de São Bento
Este gabinete de comunicação do Governo é composto por 15 pessoas que têm como principal missão “simplificar” a mensagem do Governo, para que as pessoas a entendam da forma desejada.
Estes funcionários trabalham “num open space no segundo andar do n.º 1 da Rua de São Bento, do outro lado da estrada da residência oficial do primeiro-ministro“, revela o Expresso.
Já João Cepeda tem o seu gabinete em São Bento, “para trabalhar lado a lado com Mendonça Mendes”.
Cerca de 10 destas pessoas foram contratadas “em regime de contratação pública através do Centro de Gestão da Rede Informática do Governo (Ceger)”, nota ainda o semanário, salientando que as demais já tinham sido nomeadas pelo gabinete do primeiro-ministro no anterior Governo “para desempenhar funções de vídeo, multimédia e redes sociais“.