/

Censura chega aos cinemas. Em Hong Kong, filmes que coloquem em causa o regime serão proibidos

Jerome Favre / EPA

Legislação aproxima o território já pouco autónomo da China, onde os filmes também são rigorosamente analisados e vetados, sendo poucas as produções ocidentais que recebem autorização para ali serem exibidas.

Depois de ter anunciado que todos os novos filmes em exibição nos cinemas de Hong Kong passariam a ser escrutinados — de forma a evitar que qualquer mensagem que colocasse em causa o regime chegasse ao público —, as autoridades locais anunciaram que terão o mesmo procedimento com filmes antigos, cuja exibição foi permitida no passado, numa sinal claro de que as liberdades políticas e artísticas enfrentam cada vez mais condicionantes.

Esta tem sido uma política evidente desde que, há dois anos, as ruas de Hong Kong se encheram de manifestantes pró-democracia e contra a lei da segurança nacional que o regime chinês estava a tentar impor.

Consequentemente, muitos dos dissidentes políticos foram presos — o que reduziu e quase eliminou as ações de protesto dos ativistas. Numa declaração à imprensa, a propósito da nova lei, as autoridades referiram que alguns documentários recentes — que irão ser proibidos — “glorificaram” e “incentivaram” os protestos.

Tal como aponta o The Guardian, a nova lei ainda terá que ser aprovada pelos legisladoras do território, algo quase garantido face à saída dos representantes dos partidos da oposição do parlamento.

Os estúdios dos filmes censurados não poderão recorrer da decisão pelas vias tradicionais — terão que apresentar um pedido tendo em vista a revisão da decisão judicial, um processo demorado e com elevados custos — e as salas que infrinjam a lei, exibindo os títulos proibidos, podem perder as licenças necessárias para permanecerem abertas. Em termos individuais, os responsáveis das salas incorrem no pagamento de multas até 130 mil dólares e em tempo de prisão que pode ir até três anos.

A legislação aproximará Hong Kong da China, já que no país os filmes também são rigorosamente analisados e vetados, sendo poucas as produções ocidentais que recebem autorização para ali serem exibidas.

Ana Rita Moutinho, ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.