
Polícias prendem apoiante da Palestine Action que participava num protesto em massa organizado pelo grupo Defend Our Juries, como parte da sua campanha para acabar com a proibição da Palestine Action.
ONU do lado dos manifestantes. Londres “limita os direitos de muitas pessoas envolvidas e apoiantes da Palestine Action que não se envolveram em qualquer actividade criminosa subjacente”.
Pelo menos 466 pessoas já foram detidas em Londres, na sequência de uma manifestação de apoio à rede Palestine Action, proibida no Reino Unido desde o início de julho e classificada como “organização terrorista”.
” Foram feitas sete detenções por outros crimes, incluindo cinco por agressão a polícias. Felizmente, ninguém ficou gravemente ferido”, relatou a Polícia Metropolitana no X.
O balanço de detidos na manifestação no centro de Londres foi subindo ao longo do dia, tendo as autoridades explicado que estavam a deter todos aqueles que erguiam o cartaz “Oponho-me ao genocídio, apoio a Palestine Action”.
No local, os manifestantes exibiam outras palavras de ordem, como “Agir contra o genocídio não é crime” e “Palestina Livre”, descreveu a agência France-Presse (AFP). Numerosas bandeiras palestinianas eram visíveis na multidão, a curta distância dos carros da polícia, que alertou os manifestantes para as “potenciais consequências criminais” das suas ações, de acordo com a AFP.
Os detidos não ofereceram resistência e muitos exibiram um “V” de vitória com os dedos, sob os aplausos de outros manifestantes.
Após a proibição, o grupo Defend Our Juries anunciou manifestações de protesto, indicando que prevê promover novas ações em setembro. “Continuaremos enquanto o Governo tentar silenciar aqueles que denunciam a sua cumplicidade em crimes de guerra”, declarou a organização em comunicado.
Depois da proibição da Palestine Action, prevista na Lei Antiterrorismo de 2000, o apoio ou militância na organização é considerado crime, com penas máximas até 14 anos de prisão. Mas os advogados da organização argumentam que a proibição representa “um abuso autoritário” de poder, dizem a rádio BBC.
O Governo britânico insiste que os seus apoiantes “desconhecem a verdadeira natureza” da Palestine Action.
“Não é uma organização não violenta”, comentou a secretária do Interior, Yvette Cooper, acrescentando que tinha “informações perturbadoras” sobre os seus planos.
E o que diz a ONU?
“A legislação antiterrorismo doméstica do Reino Unido define atos terroristas de forma ampla, incluindo ‘danos graves à propriedade’. Mas, de acordo com as normas internacionais, os atos terroristas devem limitar-se a atos criminosos destinados a causar morte ou ferimentos graves ou à tomada de reféns, com o propósito de intimidar uma população ou compelir um governo a tomar uma determinada ação ou não”, afirma o responsável pelos direitos humanos da ONU, Volker Türk.
“A legislação antiterrorismo doméstica do Reino Unido define atos terroristas de forma ampla, incluindo ‘danos graves à propriedade’. Mas, de acordo com as normas internacionais, os atos terroristas devem limitar-se a atos criminosos destinados a causar morte ou ferimentos graves ou à tomada de reféns, com o propósito de intimidar uma população ou compelir um governo a tomar uma determinada ação ou não”, disse Türk. “Isto abusa da gravidade e do impacto do terrorismo para o expandir para além destes limites claros, para abranger outras condutas que já são criminosas perante a lei”.
“A decisão parece desproporcional e desnecessária. Limita os direitos de muitas pessoas envolvidas e apoiantes da Ação Palestiniana que não se envolveram em qualquer atividade criminosa subjacente, mas que exerceram os seus direitos à liberdade de expressão, à reunião pacífica e à associação”, disse o Alto-comissário.
Mais de 200 já tinham sido detidos
O Governo chefiado por Keir Starmer promoveu a proibição do grupo após um ataque a uma base aérea, no qual vários ativistas pintaram grafittis em aviões militares. As autoridades calcularam os prejuízos em sete milhões de libras (8,1 milhões de euros).
Mais de 200 apoiantes já tinham sido detidos antes da manifestação deste sábado, de acordo com Tim Crosland, representante do Defend Our Jureis, e três pessoas foram acusadas ao abrigo da Lei Antiterrorismo na quinta-feira por expressarem apoio ao mà Palestine Action, um crime punível até seis meses de prisão.
A proibição é objeto de uma ação judicial interposta por Huda Ammori, cofundadora em 2020 deste grupo, que se apresentou como uma “rede de ação direta” com o objetivo de denunciar a “cumplicidade britânica” com o Estado de Israel, particularmente na venda de armas.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, anunciou em 29 de julho que Londres reconhecerá o Estado da Palestina em setembro, a menos que Israel assuma certos compromissos.
ZAP // Lusa
e porque não uma manifestação para libertarem primeiro todos os reféns ainda detidos
Bom trabalho! Há que atacar o terrorismo.
Deviam ficar na cadeia até o Hamas ser extreminado, que afinal é quem estes manifestantes apoiam.