JOÃO MATOS/LUSA

Um dos migrantes desembarcados no Algarve.
Marroquinos desembarcaram em Vila do Bispo este sábado, alguns desidratados e sem documentos. Só as crianças vão ficar, por enquanto, em Portugal: os restantes 31 marroquinos vão ser repatriados.
Após vários dias no mar, um grupo de 38 marroquinos — entre os quais sete menores, incluindo um bebé de um ano, e seis mulheres — que tinha como única intenção chegar à Europa num barco de madeira desembarcou este sábado na praia da Boca do Rio, no concelho de Vila do Bispo, no Algarve.
Cansados e alguns desidratados, a precisar de cuidados médicos, traziam alguma roupa, mas alguns nem documentos tinham consigo.
Todos os marroquinos foram ouvidos durante várias horas pelo Tribunal de Silves, mas a decisão final sobre o seu destino não deixa dúvidas a não ser a data em que estes migrantes vão sair do país.
“Foi determinada a instalação num centro de instalação temporária“, por enquanto no pavilhão desportivo preparado pela Proteção Civil para o efeito, “até decorrer o processo de afastamento coercivo ou um processo de retorno voluntário“, disse Ilídio Barreiros, da Unidade de Controlo Costeiro e Fronteiras da GNR, à RTP, reforçando que o prazo legal do afastamento coercivo é de 60 dias. A decisão é aplicada para já aos 31 adultos.
Leitão Amaro assertivo
“Estamos a tentar acelerar o procedimento o mais rápido possível”, disse o ministro da Presidência António Leitão Amaro, “por um lado respeitando as regras e dignidade das pessoas, mas fazendo cumprir a lei portuguesa”, disse, assertivo: “quem chega a Portugal ilegalmente sabe que na costa portuguesa as autoridades funcionam”.
“A costa portuguesa está segura e os portugueses devem sabê-lo: houve interceção de quem chegou de forma ilegal, houve cuidado humano e digno das pessoas”, com cuidados de saúde, acompanhamento ao hospital e alimentação, garante o ministro.
“Todas, desde as policiais que fizeram a interceção, às de saúde e de integração, que fizeram o acompanhamento, a hidratação, a assistência médica necessária, tratando as pessoas com dignidade até aos tribunais que decidiram rapidamente e concluíram pela ordem de afastamento do território nacional. E é isso que vai acontecer”, reforçou o ministro, em Olhão.
“Neste momento não há pedido de asilo e não vale a pena especular sobre o assunto e sobre o destino”, adiantou ainda Leitão Amaro: “o que eu acho que é importante os portugueses sentirem e perceberem é isto: Portugal tem uma costa grande, apesar de estarmos vulneráveis, as autoridades portuguesas reagiram, depressa e de forma eficaz”, disse.