Tiago Petinga / Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, conversa com o primeiro-ministro, António Costa
Na cerimónia de arranque das celebrações dos 50 anos do 25 de Abril houve unidade política e muito poucos sinais de “irritação”. Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, ambos de cravo vermelho, trocaram palavras e sorrisos, sem qualquer indício de desarmonia política.
Esta quarta-feira, o Presidente da República mostrou desconforto por ter tido conhecimento dos protagonistas do próximo Governo pela comunicação social, ainda antes da audiência com o primeiro-ministro.
“Pelos vistos, fiquei a saber pela comunicação social”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações à SIC, momentos antes de se dirigir para o Pátio da Galé, para o início das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
Pouco depois, na cerimónia solene, confraternizou com António Costa e a desarmonia política desvaneceu. De acordo com o Expresso, trocaram palavras, gestos e sorrisos, não deixando transparecer qualquer sinal de “irritação”.
A prioridade era outra: celebrar o dia histórico em que a liberdade ultrapassou os 17.499 dias da ditadura. “17.500 dias sobre o 25 de Abril, em que Portugal vive há mais dias em liberdade do que aqueles que viveu em ditadura”, sublinhou Costa.
Seguiu-se Marcelo, que enfatizou que “o que mais importa é o simbolismo desta vitória da democracia sobre a ditadura”, a que acresce outra marca importante: “a Constituição democrática já durou muito mais do que a Constituição anti-democrática de 1933”.
O Presidente apelou a que as homenagens ao 25 de Abril “não fiquem na celebração do passado”, mas que sirvam também para “uma reponderação e uma revisão crítica” sobre “o que não foi o melhor, sobre as fragilidades, as desilusões e as insuficiências” da liberdade e da democracia.
Na celebração desta quarta-feira, as mais altas figuras do Estado concordaram ainda na designação dos militares que fizeram o 25 de Abril como “heróis“.
Eduardo Ferro Rodrigues, que está “em fase final” de mandato enquanto presidente da Assembleia da República, fez um paralelo entre o “tempo desmesurado e mesquinho” da ditadura portuguesa, com a atual situação mundial.
“Esta guerra bárbara na Europa faz lembrar o que é a deturpação da verdade”, salientou, mencionando os “acontecimentos de magnitude tremenda” que resultam da invasão russa da Ucrânia e que nos fazem assistir “à violação do direito internacional e dos mais elementares direitos humanos”.
Esta imagem é o símbolo da hipocrisia.