“Histórico”: liberdade ultrapassa 17.499 dias de ditadura. PCP critica arranque dos 50 anos do 25 de Abril

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“Hoje é um dia histórico.” É assim que o primeiro-ministro António Costa assinala que a democracia nascida a 25 de Abril de 1974 vai ultrapassar em um dia a longevidade da ditadura. Mas o arranque das comemorações dos 50 anos da Revolução de Abril nesta quarta-feira merece críticas do PCP.

As comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, que se assinalam em 2024, começam hoje com uma sessão solene em que serão condecorados militares da “Revolução dos Cravos”.

Uma cerimónia que vai decorrer a partir das 17 horas, no Pátio da Galé, em Lisboa, com a presença das três principais figuras institucionais, o Presidente da República, o presidente da Assembleia da República e o primeiro-ministro.

Marcelo Rebelo de Sousa, Ferro Rodrigues e António Costa vão discursar na cerimónia, algo que “não é muito comum”, o que dá conta da solenidade e importância do momento“, realça em entrevista à agência Lusa o presidente da comissão executiva das comemorações, Pedro Adão e Silva.

A assinalar o arranque das comemorações, o primeiro-ministro fala de um “dia histórico”, sublinhando, no seu perfil do Twitter, que “hoje a Liberdade ultrapassa os 17.499 dias da ditadura“. “17.500 dias em Liberdade”, reforça António Costa, deixando a “gratidão aos que combateram a ditadura e aos militares de Abril que a derrubaram”.

Costa manifesta ainda a “confiança nas novas gerações que garantem 25 de Abril sempre”.

Na verdade, é a 24 de Março de 2022, ou seja, amanhã, que o tempo da democracia portuguesa ultrapassa, em um dia, a duração da ditadura.

PCP acusa Governo de querer “esvaziar” a revolução

O PCP insurge-se contra o início das comemorações oficiais do 50.º aniversário do 25 de Abril neste dia 23 de Março, defendendo que assinalar o momento através de uma data que é um “simbolismo entre a duração do anterior e actual “regime”” é querer, “ainda que disfarçadamente, esvaziar a revolução de 1974 do que ela constitui de profundas transformações democráticas”.

Os comunistas sustentam que a revolução do 25 de Abril “não foi o processo de transição entre “regimes” a que os seus detractores a quiseram e querem reduzir”, considerando que há uma “permanente tentativa de falsificação do que representou“.

O PCP também nota que “se a realidade de Portugal hoje continua a ter a marca da Revolução de Abril, de muitas das suas conquistas, que o grande capital não conseguiu destruir, tem também a marca do processo contrarrevolucionário e dos graves problemas que gerou”.

Assim, defendendo que as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril devem ser “uma afirmação dos valores” da Revolução dos Cravos, o PCP anuncia que está a preparar “a sua intervenção própria” para assinalar o momento, sob o lema “Abril é mais Futuro”.

O partido apela a “todos os que se identificam com as conquistas, direitos e valores” do 25 de Abril para que “se associem e participem nas comemorações populares que, um pouco por todo o país, estão em preparação e terão lugar” por ocasião do 48.º aniversário da Revolução.

Os 48 anos da Revolução dos Cravos que se assinalam neste ano são um momento para recordar a luta “pela liberdade e a democracia, contra a ditadura fascista, e, simultaneamente, de exigência de uma política e de um rumo que responda aos problemas do país e às aspirações” da população, aponta o PCP.

As comemorações dos 50 anos do 25 de Abril vão prolongar-se até Dezembro de 2026, quando se assinalar meio século das primeiras eleições autárquicas realizadas em Portugal.

Nesta quarta-feira, para além da componente solene e institucional, a cerimónia de arranque das comemorações terá também outros momentos, designadamente dirigidos à juventude.

O compositor Bruno Pernadas escreveu uma música original para funcionar como hino dos 50 anos de democracia, e esse tema será interpretado (tal como aconteceu na gravação) por uma formação da Orquestra Geração – um projecto que tenta levar música erudita a contextos sociais considerados mais difíceis.

A jovem poetisa Alice Neto de Sousa também vai ler um poema original escrito a propósito dos 50 anos de democracia.

Ainda nesta cerimónia, será encerrada uma cápsula do tempo, contendo um conjunto de objectos e de materiais para serem abertos apenas em 2074, designadamente três cartas escritas por jovens portugueses de hoje, que foram vencedores do concurso de escrita do Plano Nacional de Leitura. Esses jovens vão escrever cartas aos jovens de 2074.

Na quinta-feira, será evocada a crise académica de 1962.

ZAP // Lusa

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4 Comments

  1. Mas esta vontade louca de comemorar os 50 anos de 25 de Abril durante pelo menos 2 anos, é para distrair o povo durante 2 anos?
    O fado já não move massas, Fátima já não engana ninguém e no Futebol o Benfica já não ganha, portanto o povo não tem entretenimento e começa a andar atento e a reparar na política e até a votar Chega e IL.
    Realmente é preciso arranjar alguma distração apra esta gente.

  2. Como cantam os Mata Ratos… “Portugal dos pequeninos e da mentalidade tacanha , onde se fazem elogios à preguiça e à manha” MR = 40 ANOS

  3. Como se existisse grande diferença entre os 17499 dias de ditadura e os 17500 de (pseudo-) democracia….
    E sim, já estou a imaginar os defensores das democracias putiniana, maduriana, kimiana e afins a caírem-me em cima com os pregões habituais….

  4. Esta de andarem a festejar o 25 de abril a qualquer data e durante dois a três anos, cheira-me a que provavelmente já sentem que tal data já cheira a defunto e que é necessário ressuscitar, por outro lado, tais festejos mais parecem uma imposição a viver à custa dos nossos impostos o que dará como resultado o virar costas do povo mais interessado no futuro do que na propaganda.

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