/

Catarina Martins sai em defesa da Festa do Avante (e atira-se a Rui Rio)

2

Mário Cruz / Lusa

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, sublinhou esta sexta-feira que os direitos políticos não estão limitados, após questionada sobre a realização da festa comunista do Avante!, e afirmou acreditar que os responsáveis estão a trabalhar “como é suposto”.

“Em Portugal os direitos políticos não estão limitados e era o que mais faltava que estivessem. Seguramente há responsabilidade de cada organização nas suas iniciativas”, disse Catarina Martins, que falava no Porto à margem de uma reunião com trabalhadores da Ryanair. “Não sou do PCP, nem sou da Direção-Geral da Saúde, não me cabe comentar. Creio que devem estar a trabalhar como é suposto”, acrescentou.

Em causa está a realização da Festa do Avante!, este ano entre 4 e 6 de setembro, no Seixal, e que é uma iniciativa que tradicionalmente marca a “rentrée” política do PCP, incluindo concertos, exposições, debates, espaços de restauração e campismo.

Na quinta-feira o dia ficou marcado por trocas de acusações entre PCP e PSD sobre a realização da festa, bem como pela tomada de posição pública do CDS-PP que instou o Presidente da República a pronunciar-se.

O Presidente da República disse, também na quinta-feira, que a compreensão dos portugueses em relação às regras do evento é essencial “porque os portugueses sabem que estão perante uma epidemia que está para durar e não podem descolar das autoridades em geral em termos de credibilidade”.

“A definição de regras tem dois objetivos: o primeiro é garantir que não há problemas de saúde pública, o segundo objetivo é os portugueses olharem para aquilo como um exemplo de boa conduta das autoridades sanitárias. Eu tenho fugido a pronunciar-me [sobre a Festa do Avante!] porque acho que ainda não é o tempo mas há de chegar o tempo em que as autoridades sanitárias hão de dizer o que faz sentido”, disse.

Do lado do Governo, a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieria da Silva, lembrou que a Constituição e a lei não permitem proibir qualquer iniciativa política, frisando que as regras de segurança em termos de saúde pública serão para cumprir.

Duras críticas a Rui Rio

Também nesta sexta-feira, Catarina Martins defendeu esta sexta-feira que as ameaças de que foram alvo três deputadas, incluindo duas bloquistas, são “um caso de polícia e só envergonha as pessoas que na política tentaram normalizar criminosos”.

“Tenho reparado nos últimos tempos que houve responsáveis políticos que acharam que podiam ser complacentes com o crime e normalizar o crime. Quem ameaça é criminoso. Quem atenta contra os direitos humanos é criminoso e, portanto, sim. Este é um caso de polícia e só envergonha as pessoas que na política tentaram normalizar criminosos”.

Descrevendo que o BE já fez queixa à Polícia Judiciária (PJ) e que as deputadas visadas estão a preparar uma queixa ao Ministério Público e garantindo ter “a maior confiança” de que “as forças de segurança vão proteger as pessoas visadas”, Catarina Martins deixou reparos a quem na política “normaliza criminosos”.

“Não há nenhuma falha na lei em Portugal para que quem apela à violência ou faz ameaças seja com que desculpa para ao ser tratado como criminoso que é”, disse.

Questionada sobre se estava a referir-se a algum partido em concreto, a líder do Bloco de Esquerda disse estar a falar “daqueles que acham que podem dialogar com forças que apelam ao ódio ou à violência ou que usam intimidação como arma política”, mas não deixou de mencionar os sociais-democratas.

“Julgo que isso fica claro em algumas declarações que foram promovidas. E julgo que haverá agora no PSD quem se arrependa do que tem vindo a dizer e a normalizar até agora (…). Julgo que o doutor Rui Rio não teve a perceção do que estava a acontecer quando fez outras afirmações no passado. Não estou em crer que quisesse ser complacente com o crime em Portugal”, disse a coordenadora do BE que falava aos jornalistas no Porto à margem de uma reunião com trabalhadores da Ryanair.

As deputadas Joacine Katar Moreira (não inscrita), Beatriz Gomes Dias e Mariana Mortágua (BE) foram visadas num ‘e-mail’ com ameaças dirigido ao SOS Racismo, além do dirigente dessa associação Mamadou Ba e Jonathan Costa, da Frente Unitária Anti-Fascista, entre 10 cidadãos. O Ministério Público está a investigar.

“Informamos que foi atribuído um prazo de 48 horas para os dirigentes antifascistas e antirracistas incluídos nesta lista, para rescindirem das suas funções políticas e deixarem o território português”, lê-se no e-mail’ em causa, a que a Lusa teve acesso.

Na mensagem eletrónica refere-se que se o prazo for ultrapassado “medidas serão tomadas contra estes dirigentes e os seus familiares, de forma a garantir a segurança do povo português”, e que “o mês de agosto será o mês do reerguer nacionalista”.

ZAP // Lusa

Siga o ZAP no Whatsapp

2 Comments

  1. Catarina, tem toda a razão! Temos gente, com assento na Assembleia da República, a incentivar ao ódio à xenofobia e temos, também gente a dirigir partidos “democráticos”,a apoiar estes comportamentos!!! Estamos a caminhar a passos largos para uma grande trumpada!! O que está mal, no meio de toda esta trapalhada, é mesmo só a realização da festa do avante, o resto são peanuts!!! Mas ainda há orgãos de comunicação social a darem honras de primeira página a gente deste calibre! Este Rio tão depressa corre para a foz como para a nascente!! Cuidado com as viragens!!!

  2. Já ninguém tem paciência para esta criatura. Seria interessante perceber como é que este partido, tão impoluto, só tinha uma autarca e foi condenada; combatia a especulação imobiliária e tinha o Robles; diz não à Europa e a sua presidente acede aos fundos comunitários; diz que apoia os trabalhadores e depois apoia o governo do Costa… interessante tudo isto. Talvez estas sejam algumas razões para ir em queda livre e qualquer dia até ficará atrás do partido que pretensamente defende os animaizinhos.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.