Portugal registou, esta quarta-feira, mais sete óbitos e 2072 novos casos de covid-19. Esta foi a primeira vez que o país ultrapassou a barreira dos dois mil casos diários.
Na habitual conferência de imprensa sobre a evolução da pandemia em Portugal, a ministra da Saúde, Marta Temido, revelou que há, neste momento, 396 surtos ativos: 178 em Lisboa e Vale do Tejo, 136 no Norte, 18 no Algarve e 14 no Alentejo.
A taxa de letalidade global por covid-19 em Portugal é de 2,3%. Nos doentes com mais de 70 anos, a taxa sobe para os 12,5%.
A ministra também informou que a taxa de incidência a sete dias é de 96,6 novos casos por 100 mil habitantes e a taxa de incidência a 14 dias é de 152 novos casos por 100 mil habitantes.
De acordo com as estimativas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), o valor do risco de transmissão (RT), entre 5 e 9 de outubro, foi de 1,2, com uma média de 1542 novos casos por dia.
Portugal está a “enfrentar uma situação crescente que se tenderá a agravar nos próximos dias, de acordo com os modelos matemáticos”.
A ministra adiantou ainda que o ministério está a trabalhar na “manutenção da preparação do SNS e no alívio da pressão crescente nas organizações de saúde e nos profissionais de saúde”.
Ainda hoje será publicada uma “nova estratégia de testes com a inclusão de testes de antigénio [testes rápidos] e com medidas de reforço da atividade” dos rastreios de contactos, destacou Temido.
Quarentena mantém-se durante 14 dias
Esta quarta-feira, a Direção-Geral da Saúde atualizou uma norma relativa ao período de isolamento. Os doentes assintomáticos ou os que têm sintomas ligeiros de covid-19 passam a ter um período de isolamento de 10 dias.
Questionada pelos jornalistas, Marta Temido explicou que este período diz respeito à “alta clínica”, que é diferente de quarentena, para a qual o período de tempo não foi alterado, mantendo-se os 14 dias.
“Há alguma confusão entre a quarentena e a redução do período para a alta clínica. A quarentena é o isolamento profilático”, explicou.
Relativamente aos cuidados de saúde primários, a ministra adianta que a requisição de testes pela linha Saúde 24, tal como já aconteceu “no passado”, voltará a estar ativa a partir do início da próxima semana.
Jogadores da seleção voltaram ao país de residência
Questionada sobre a situação de Cristiano Ronaldo, que esta terça-feira testou positivo para o novo coronavírus, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, explicou que, tal como os outros jogadores da seleção que já tinham testado positivo (José Fonte e Anthony Lopes), este viajou para o país onde reside atualmente.
A responsável explicou que o procedimento é o mesmo para todos os cidadãos: a pessoa infetada pode viajar para a residência oficial para cumprir o período de isolamento ou quarentena.
“O que acontece é que o transporte em condições de segurança fica a cargo da pessoa doente” e este transporte “tem de ser submetido a uma avaliação pelos cuidados de saúde”. Além disso, “estas pessoas assinam uma declaração em como vão cumprir o seu isolamento profilático”, referiu Graça Freitas.
A DGS “está obrigada, e comunica sempre ao país de destino, que esse cidadão iniciou um período de isolamento profilático em Portugal e que vai para a sua residência” no país de destino.
Privados serão chamados a intervir se necessário
De acordo com a ministra da Saúde, a versão “consolidada” do Plano de Saúde Outono/Inverno deve ser publicado na próxima semana e serve, sobretudo, “para que as instituições se vão preparando”.
Temido garante, ainda, que os privados serão chamados a intervir à medida das necessidades. No entanto, para já, a governante lembra que há ainda outros recursos disponíveis para os hospitais, em caso de necessidade urgente.
Na região de Lisboa e Vale do Tejo, a governante revela que existem 6330 camas para fazer frente à doença e, neste momento, estão ocupadas apenas 419. No Norte, a outra região mais afetada, há 5489 camas disponíveis e estão ocupadas 294.
Quanto às estimativas do INSA, os números apontam para os três mil casos diários, dentro de alguns dias, “se não adotarmos as medidas necessárias”.
“Tenham presente que a doença não desapareceu e que só juntos poderemos enfrentar esta nova fase de crescimento da doença, onde vamos ser todos expostos a uma prova muito dura, e portanto depende de todos nós conseguirmos estar à altura”, apelou.
Fiscalização nos transportes será reforçada
Quando questionada sobre a situação nos transportes públicos, Marta Temido referiu que o Conselho de Ministros aprovou o aumento da “fiscalização do cumprimento das regras em varias áreas como os transportes e a restauração”.
“Não basta ter regras, é preciso que sejam cumpridas, isso depende também da ação das forças de segurança. Quando é necessário agravam-se as coimas”, disse.
Sobre uma eventual diferença de critérios durante o atendimento da linha SNS24, a governante explica que “todos os atendimentos são feitos de acordo com um algoritmo”.
“Há uma chave de resposta que em alguns casos pode ser dada por um atendedor automático e permite resolver o contacto. Outros casos têm, de facto, um atendimento feito por um operador, mas o operador trabalha com base em fluxogramas previamente definidos e testados“, assegura.
Sobre a carta enviada por bastonários dos médicos, publicada hoje no jornal Público, Temido respondeu: “Estou de acordo que este é o momento do SNS mostrar aos portugueses que valeu a pena terem investido as suas escolhas, os seus impostos, o seu afeto naquele que é um serviço publico”.
Normas para as escolas vão ser revistas
Na mesma conferência de imprensa, Graça Freitas foi questionada sobre vários casos que foram saindo recentemente na imprensa como, por exemplo, o aluno curado de covid-19 que terá sido impedido de entrar na escola e outro que foi alegadamente suspenso por partilhar o lanche.
A diretora-geral da Saúde admitiu que as normas para os estabelecimentos de ensino precisam de ser revistas e que a DGS já está reunida com os parceiros escolares para analisar a situação.
Da reunião “poderá sair um afinamento das orientações, se for caso disso, e uma capacidade de informar” os envolventes. “Um único caso numa escola pode levar a medidas diferentes conforme as circunstâncias nessa escola”, explicou.
“É muito importante que se façam medidas preventivas. O vírus está a fazer o seu percurso. Temos de fazer um esforço para termos cautelas”, afirmou ainda Graça Freitas.
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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