O epidemiologista Manuel Carmo Gomes prevê que o número de infeções diárias em Portugal duplique em dois meses. O problema é o efeito “cascata” que escapou à atenção da saúde pública.
A situação epidemiológica em Portugal tem vindo a agravar-se nas últimas semanas. Esta quinta-feira, foi ultrapassada a fasquia dos 3 mil casos diários de covid-19 e, segundo o epidemiologista Manuel Carmo Gomes, a tendência é para piorar. O especialista, ouvido pela TSF, calcula que Portugal pode chegar aos 6 mil casos diários em dezembro.
A meio de novembro estaremos na ordem dos 5 mil casos diários, “se não existirem medidas restritivas significativas, e podemos ir parar aos 6 mil em dezembro”, disse o professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Apesar da tendência ser o aumento dos casos diários, Manuel Carmo Gomes salienta que os números de ontem foram influenciados por registos que ficaram por fazer nos dias anteriores. A economia não pode parar e, por isso, é necessário encontrar uma forma de evitar a propagação dos contágios.
“Basta andar nas estradas e nas entradas dos centros urbanos para perceber que as pessoas retomaram a sua atividade, sendo que depois há cansaço em relação às medidas de distanciamento e máscaras, etc…”, disse o epidemiologista.
Manuel Carmo Gomes realça que a partir do momento em que os casos ultrapassam um certo ponto de rutura, os profissionais de saúde “começam a ter dificuldade em acompanhar os casos identificados e os seus contactos e os contactos dos contactos… É uma cascata de contactos”.
“A partir de certo ponto, há cadeias de transmissão que escapam, pessoas que deviam ter sido identificadas e isoladas e isso não acontece”, acrescentou.
Coronavírus / Covid-19
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