Por 10 mil euros, casal detido por tráfico humano esta terça-feira pela PJ comprou bebé em Espanha. Depois, simulou o parto em Trás-os-Montes e convenceu médico do Grande Porto a passar declaração.
Foi em outubro de 2022 que um homem e uma mulher, de 45 e 42 anos, apareceram numa unidade de saúde familiar (USF) de Rio Tinto, em Gondomar com uma bebé de quatro meses para a vacinarem e integrarem no seu agregado familiar.
Sem qualquer documento identificativo da criança, da parentalidade ou de adoção na sua posse, a USF não aceitou o pedido, mesmo depois de o casal, agora detido pela PJ, ter tentado explicar que a bebé nasceu em Espanha, fruto de uma relação extraconjugal do homem com uma mulher espanhola.
O casal, que tem antecedentes criminais (ele por crimes de roubo e furto e ela por venda de material contrafeito) é infértil e terá comprado a bebé motivado pelos fortes desejos de serem pais, depois de os tratamentos de fertilidade realizados pela mulher não surtirem efeito.
E quando foram rejeitados pela USF de Rio Tinto, arranjaram uma nova estratégia.
Com dois familiares como testemunhas, os dois detidos foram a uma conservatória dizer que a bebé tinha nascido em casa e convenceram um médico ao serviço do Grande Porto, avança o Jornal de Notícias, a emitir uma declaração médica que confirmava que a criança era filha do casal.
O casal voltaria à mesma USF em maio de 2023 já com um cartão de cidadão da criança, em que constava a sua data de nascimento como 20 de dezembro de 2022, em Trás-os-Montes, e os dois suspeitos como seus pais mas, lembrando a primeira visita do casal à USF, médicos e enfermeiros alertaram as autoridades.
Agora, testes de ADN da PJ permitiram concluir que a bebé não é filha de nenhum dos elementos do casal.
Ambos os suspeitos vão ser presentes a autoridade judicial para aplicação de medidas de coação. As investigações estão agora nas mãos das autoridades espanholas.
A Polícia Judiciária do Porto já identificou a possível mãe biológica da criança, que foi entregue a uma casa de acolhimento. Será o tribunal de família e menores a decidir o futuro da criança. Esta poderá continuar institucionalizada ou ser devolvida à mãe biológica.