Comandante acusado pelo médico de ignorar avisos para suspender curso de Comandos

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(dr) Exército Português

O Comandante das Forças Terrestres decidiu manter o 127º Curso de Comandos, que fica marcado pela morte de dois militares, apesar dos avisos do médico de serviço que lhe terá garantido que não haveria condições para continuar.

Estas alegações são feitas pelo próprio médico, o capitão João Aniceto, no depoimento que fez no Ministério (MP) e que é citado pelo Observador, no âmbito da investigação às mortes de Hugo Abreu e Dylan Araújo da Silva, vítimas do esforço físico durante a instrução do Curso de Comandos.

João Aniceto substituiu o capitão-médico Miguel Domingues, o principal arguido do processo, estando acusado de homicídio por negligência, e que se terá ausentado do Curso durante várias horas.

No testemunho que fez no MP, João Aniceto refere que o Comandante das Forças Terrestres, o tenente-general Faria Menezes, não acatou as suas recomendações para a suspensão do curso, mesmo depois de Hugo Abreu já ter morrido, realça o Observador.

Recrutas em “tolerância zero”

A publicação conta que o capitão-médico disse ao MP que o Comandante das Forças Terrestres reuniu “um grupo de oficiais dos Comandos”, no Campo de Tiro de Alcochete (CTA), para lhes perguntar se o curso, que tinha começado há apenas cerca de 24 horas, “devia ser suspenso”.

Isto terá acontecido por volta das quatro da manhã, cerca de seis horas depois da morte de Hugo Abreu.

Entre os oficiais presentes no referido grupo, estaria João Aniceto que garante que disse ao tenente-general que “não existiam condições clínicas para [os instruendos] prosseguirem as provas, face às condições climatéricas adversas”.

Nessa altura, dos 67 recrutas do curso, 20 estavam a receber tratamentos médicos, Hugo Abreu já tinha morrido e Dylan Araújo da Silva, que veio a morrer depois, tinha sido transferido para o Hospital do Barreiro em estado crítico, realça o Observador. No entanto, Faria Menezes decidiu que o curso continuaria.

Na manhã seguinte, com as altas temperaturas a manterem-se, João Aniceto sublinha ao MP que disse aos instrutores do curso que os recrutas “estavam em ‘tolerância zero'” e que se algum manifestasse sintomas “ou alteração do estado clínico, deveria ser de imediato encaminhado para a enfermaria”.

Foi isso mesmo o que aconteceu, com vários recrutas a revelaram “sinais de exaustão” e “destruição dos tecidos musculares”, conforme se nota no relatório médico agregado ao processo de investigação e citado pelo Observador.

Os avisos do capitão-médico terão começado a 4 de Setembro, mas a instrução só esteve parada “entre as 16 horas desse domingo e a manhã de dia 5” e a suspensão do curso só aconteceu a 8 do mesmo mês, sustenta a mesma fonte.

ZAP

4 Comments

  1. Pelo que já se sabe .por muita coisa que já foi dita e averiguada e por mais isto , pode-se concluir que se tratará de mais um caso gravissimo e que provavelmente sairá impune.
    Porquê a utilização desde tipo de provas brutais , na tropa e nos nossos dias.

    Não será que existe ainda muitos frustados que se servem deste tipo de exercícios para subjugar e sodomizar jovens indefesos.

    Não averá aqui despotismo e …?

  2. Sodomizar??? será palavra errada ou pensamento próprio… kkkk.
    Não averá (se escreve com H)Despotismo??? Recomedo revisão urgente do dicionário de português, já que uma enciclopédia deve pesar muito…
    Uma tropa de elite como os COMANDOS deve ser treinada para tudo e onde só os fortes e com espírito de luta devem ser incluídos.
    Qualquer treino é sempre inferior a uma situação real e tem a finalidade de preparar e disparar reações automáticas que salvam a vida das elites que usam a honrosa boina, não é para qualquer um. Na selva só os mais aptos sobrevivem
    AUDACES FORTUNA JUVET para sempre

  3. E verdade que sendo uma força militar de elite que a preparação tem que se extrema. Já se sabe que este tipo de forcas militares sao os melhores dos melhores. Que tem de aguentar um nível de esforço superior ao normal. Mas também e verdade que se os recrutas estao esgotados. Deviam ser retirados e agradecer o esforço e irem para casa porque nao tem capacidades para serem militares de elite.

  4. Pelo que já foi apurado e caso se confirme , já é altura de julgar os culpados e prender os mesmos.

    Faça-se finalmente justiça, aos que pereceram e suas famílias.

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