Os funcionários do escritório de Pequim da multinacional japonesa são avaliados por um sistema de inteligência artificial que determina se estão felizes o suficiente para trabalhar. A medida foi criticada por invadir a privacidade dos trabalhadores.
Já há mais de 80 anos que os utilizadores das câmaras Canon dizem “cheese” perante as lentes da multinacional japonesa, e agora a marca decidiu tornar o sorriso uma parte integral do trabalho dos seus funcionários.
No escritório da empresa na China, existe agora um algoritmo de inteligência artificial que avalia os sorrisos dos trabalhadores para determinar se aparentam estar felizes o suficiente para poderem entrar, conta o Futurism.
Numa nota de imprensa, a Canon justificou a medida com a importância que a empresa dá ao riso e à saúde. “Esperamos que os sorrisos deixem toda a gente feliz e ser saudável, para criar uma atmosfera de trabalho mais agradável e melhorar a eficiência”, escreveu a multinacional.
Em declarações ao jornal económico japonês Nikkey Asia, a empresa refere que “maioritariamente, as pessoas são só demasiado tímidas para sorrir, mas quando se habituam a ver sorrisos no escritório, continuam a sorrir sem o sistema, o que criou um ambiente positivo e leve”.
É uma solução insólita para o velho problema da falta de entusiasmo no local de trabalho, mas que já levantou críticas por ser potencialmente humilhante e invadir a privacidade dos trabalhadores.
No entanto, este é só mais um passo numa já longa lista de táticas de monitorização que empresas na China estão a implementar com recurso à inteligência artificial, que inclui o uso de câmaras CCTV para controlar a duração das pausas para almoço, supervisionar os programas que os trabalhadores usam e acompanhar os seus movimentos já fora do escritório com apps.
A normalização da vigilância constante dos trabalhadores não é só um fenómeno chinês, sendo a Amazon um dos exemplos mais mediáticos no Ocidente.
Recentemente, a empresa de comércio online tem sido alvo de tentativas de criar um sindicato nos Estados Unidos, depois de anos a ser acusada de impôr condições de trabalho degradantes, com relatos de elevado número de ferimentos nos armazéns, computadores a controlar o ritmo de trabalho e até de condutores a serem obrigados a urinar em garrafas.
A pandemia está também a ser usada como pretexto para acelerar esta versão moderna do Taylorismo, diz o Vox. Devido à necessidade de recorrer ao teletrabalho, os softwares que permitem controlar a produtividade dos funcionários, como o TeamViewer, viram uma explosão nas vendas.
A monitorização também pode ser feita com o acesso dos patrões às mensagens privadas dos funcionários em plataformas como o Slack ou através da definição do Zoom que permitia ao organizador de cada reunião saber se os participantes tinham outra aplicação aberta no ecrã durante mais de 30 segundos, que foi entretanto removida depois de ser criticada por ser invasiva.
Os computadores que as empresas fornecem para serem usados em casa podem também já ter programas instalados que permitem vigiar constantemente o trabalho, como o Microsoft 365, sem conhecimento dos funcionários.
Com a maior preocupação com a privacidade depois da implementação do Regulamento Geral da Protecção de Dados, resta continuar acompanhar se a tendência da vigilância dos trabalhadores vai continuar a crescer.
Realmente a podridão do mundo surpreende-me todos os dias!
Quando pensamos que já estamos no fundo, afinal vemos que ainda é possível ser-se ainda mais podre do que aquilo que já se é!
Uma boa medida para tirar os chineses daquele ar pesado a que o Mao os obrigou, agora a Canon quer os obrigar a sorrir, coitados, estão sempre obrigados a qualquer coisa!