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Cabrita admite apuramento de responsabilidades para elementos do Movimento Zero

Tiago Petinga / Lusa

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita

O ministro da Administração Interna admitiu esta terça-feira que estão a ser apuradas responsabilidades em relação ao comportamento de alguns elementos das forças de segurança na manifestação do Movimento Zero realizada na segunda-feira em Lisboa.

“Estou certo que, quer no plano disciplinar, quer no plano do apuramento de responsabilidades de outro tipo, as instituições cumprirão as suas funções”, disse Eduardo Cabrita ao ser questionado pela agência Lusa sobre a manifestação do Movimento Zero.

O ministro falava aos jornalistas na conferência de imprensa realizada após a reunião ministerial de Justiça e Assuntos Internos da União Europeia e dos Estados Unidos da América, no âmbito da presidência portuguesa do conselho da UE.

Algumas centenas de elementos da PSP e da GNR pertencentes ao Movimento Zero protestaram na segunda-feira durante cerca de 11 horas, numa concentração que começou em frente à Assembleia da República e que depois se espalhou pelas principais vias de Lisboa ao realizarem um desfile, que durou cerca de duas horas e meia e bloqueou o trânsito em plena hora de ponta, num percurso que não estava autorizado.

Depois de se manifestarem pelas ruas de Lisboa e de uma passagem pelo Ministério da Administração Interna, os elementos das forças de segurança voltaram para junto da Assembleia da República, onde o policiamento foi reforçado durante a tarde com elementos da Unidade Especial de Polícia, após alguns manifestantes terem vestido o polo de serviço da PSP e da GNR, bem como colocarem o boné da Guarda Nacional República, o que é considerado uso indevido da farda.

A Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) anunciou então que abriu um processo administrativo à manifestação dos elementos das forças de segurança que pertencem ao Movimento Zero, tendo pedido informações à Polícia de Segurança Pública.

“A IGAI abriu um processo administrativo no âmbito do qual solicitou informações à Direção Nacional da PSP”, refere aquela entidade que fiscaliza a atividade das polícias, numa resposta enviada à agência Lusa.

No protesto, ouviram-se incentivos à desobediência e a palavras de ordem como “zero”, “queremos dignidade, valorização” e “união”. Mas a mais ouvida foi “Cabrita rua”, referência ao ministro da Administração Interna, a quem também foram dirigidos vários insultos.

“O Governo tem de nos ouvir. Há medidas urgentes que têm de ser implementadas, como a atribuição do subsídio de risco às forças de segurança”, sublinhou o agente da PSP há nove anos Correia Gomes, em declarações ao Expresso, explicando as razões do seu descontentamento com o Governo – não enquanto membro do Movimento Zero mas enquanto “apoiante”.

Fonte da PSP disse à Lusa que o Comando Metropolitano de Lisboa vai apresentar uma participação ao Ministério Público, uma vez que a manifestação estava apenas autorizada para ser realizada junto do parlamento.

Com o lema “hora de agir – unidos somos a tempestade que os atormenta!” a concentração foi organizada pelo movimento inorgânico Zero, que surgiu nas redes sociais e que congrega elementos da PSP e da GNR, e exigem a atribuição do subsídio de trisco e a atualização salarial.

Aberto inquérito a morte de trabalhador atropelado na A6 por carro do MAI

Por outro lado, o Ministério Público (MP) abriu um inquérito para apurar as circunstâncias da morte do trabalhador atropelado na autoestrada A6, no Alentejo, na sexta-feira, pelo carro que transportava o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.

Questionada pela agência Lusa através de correio eletrónico, fonte da Procuradoria-Geral da República (PGR) indicou que, “como sempre acontece neste tipo de situações”, ou seja, em acidentes rodoviários com mortos, “foi determinada a instauração de inquérito com vista a apurar as circunstâncias da morte“.

O inquérito “corre termos no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora”, acrescentou.

Em comunicado divulgado na sexta-feira, o Ministério da Administração Interna (MAI) anunciou que uma pessoa tinha morrido atropelada na A6, num acidente envolvendo o carro que transportava o ministro Eduardo Cabrita.

“No regresso de uma deslocação oficial a Portalegre, a viatura que transportava o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, sofreu um acidente de viação, do qual resultou a morte, por atropelamento, de um cidadão, na autoestrada A6”, referia o mesmo comunicado.

Fonte do Comando Territorial de Évora da GNR revelou à agência Lusa, igualmente na sexta-feira, que a pessoa atropelada era um trabalhador, de 43 anos, que fazia a manutenção da via.

O acidente nesta autoestrada, que liga Marateca à fronteira do Caia, em Elvas (distrito de Portalegre), ocorreu “por volta das 13:00”, ao quilómetro 77, na zona do concelho de Évora, no sentido Évora – Lisboa, disse a mesma fonte.

Já o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Évora disse à Lusa, na sexta-feira, que o alerta para o acidente rodoviário foi dado aos bombeiros às 13h14 de sexta-feira.

O homem, trabalhador de uma empresa que realizava trabalhos de manutenção da via, ainda “foi assistido”, mas “acabou por falecer no local”, assinalou a mesma fonte do CDOS.

No sábado, o MAI esclareceu que não existia sinalização para alertar os condutores dos “trabalhos de limpeza em curso” na autoestrada A6 quando a viatura do ministro atropelou mortalmente um trabalhador.

“Não havia qualquer sinalização que alertasse os condutores para a existência de trabalhos de limpeza em curso” na autoestrada, pode ler-se no esclarecimento enviado Lusa pelo ministério tutelado por Eduardo Cabrita.

O MAI disse então que o veículo “não sofreu qualquer despiste” e “circulava na faixa de rodagem, de onde nunca saiu, quando o trabalhador a atravessa”.

“O trabalhador atravessou a faixa de rodagem, próxima do separador central, apesar de os trabalhos de limpeza em curso estarem a decorrer na berma da autoestrada”, adiantou ainda o ministério.

Sobre outros pormenores, o MAI lembrou que está em curso uma investigação ao acidente, por parte do Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação (NICAV) de Évora da GNR, escusando-se a prestar mais informações.

ZAP // Lusa

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