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Bruno de Carvalho investigado por despesas milionárias suspeitas

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Andre Kosters / Lusa

O ex-presidente do Sporting Clube de Portugal, Bruno de Carvalho

A auditoria feita às contas do Sporting CP revelou saídas de dinheiro suspeitas durante a presidência de Bruno de Carvalho. Os valores andam na ordem dos dois milhões de euros.

Bruno de Carvalho já se encontrava sob investigação pelo pagamento de comissões de valor elevado em transferências de jogadores. O Correio da Manhã noticia agora que a Polícia Judiciária abriu uma nova investigação ao antigo presidente leonino para averiguar alguns dos gastos feitos durante os cinco anos na liderança do clube.

Em causa estão pagamentos suspeitos a advogados, a jogadores “fantasma” do Batuque FC, de Cabo Verde, e o pagamento de 60 mil euros a uma empresa chinesa de brindes. A auditoria às contas do clube de Alvalade foi ordenada pelo atual presidente Frederico Varandas e realizada pela Bakertilly.

A análise do livro de contas dos “leões” levantou suspeitas em relação aos 1,7 milhões de euros gastos em serviços jurídicos com a sociedade de advogados MGRA. A firma pertence ao seu sogro, Rui Ornelas, e ao antigo vice-presidente do clube, Alexandre Godinho. Alegadamente, o dinheiro gasto foi para resolver “assuntos da presidência”.

Além disso, alguns dos pareceres jurídicos feitos por esta sociedade de advogados, já tinham sido elaborados pelo gabinete jurídico do Sporting. O pagamento à MGRA foi superior aos custos do clube com advogados nos últimos 16 anos.

Jogadores “fantasma”

A Polícia Judiciária investiga também o caso do Batuque FC. Enquanto presidente do clube, Bruno de Carvalho pagou 330 mil euros pelo direito de preferência de sete jogadores do clube cabo-verdiano, dos quais quatro podem nem existir.

O protocolo com o emblema africano foi assinado em 2017, mas nunca nenhum jogador chegou aos quadros do Sporting. Para piorar a situação, alguns dos jogadores envolvidos no protocolo, nem sabiam da sua existência.

Fabricio Kone, um dos jogadores do protocolo, admitiu nem saber que estava incluído no acordo. “Agora fiquei surpreso. Nunca ninguém me disse nada“. O jovem jogador acabou por admitir que seria “uma honra servir um grande clube português” como o Sporting. Atualmente, o atleta alinha num clube do segundo escalão cabo-verdiano.

Em Cabo Verde, o CM averiguou que não há documentos que provem a existência de quatro dos jogadores incluídos no acordo. O presidente do Batuque, João Cardoso, disse: “Um dia vocês vão saber quem são esses quatro jogadores. Vão jogar em grandes clubes. Agora não posso dizer“.

Gastos suspeitos na China

O Sporting também pagou 60 mil euros por “brindes e ofertas promocionais” e outros 20 mil euros “por serviços de divulgação da marca Sporting na comunidade chinesa” a uma empresa chamada Xao Limitada. “O departamento de merchandising não conhece a empresa, que fechou atividade após o pagamento“, revelou Frederico Varandas, no mês passado.

Além disso, a auditoria averiguou que foi assinado um contrato na China, com uma empresa portuguesa, para que esta gerisse o Facebook do ex-presidente leonino. A YoungNetwork, de João Duarte, Ana Leal e Guadalupe Monfreitas recebeu praticamente dois milhões de euros entre 2015 e 2017.

De acordo com o Correio da Manhã, o contrato também contava com a “comunicação estratégica do clube, Jornal SCP, Sporting.pt e Sporting TV”, apesar de o clube contar com equipas próprias destinadas a estas pastas.

A auditoria não encontrou qualquer tipo de consultoria ou estudo do mercado antes de contratar a YoungNetwork. A Bakertilly também considera que os serviços prestados pela empresa justifiquem o montante pago de quase um milhão de euros por ano.

Até ao final de 2017, dos 44 trabalhadores da empresa portuguesa, 15 estavam a colaborar com o Sporting.

ZAP //

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