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Boris aconselhou os britânicos a perder peso (mas a estratégia do Governo pode não funcionar para todos)

number10gov / Flickr

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson

A estratégia do Governo britânico promete realizar uma série de iniciativas que há muito são propostas, testadas e avaliadas por profissionais de saúde e investigadores. Mas há vários estudos que mostram que é necessário combater os fatores sociais que favorecem a obesidade, além de dar apoio individual.

Um documento do Governo britânico, publicado na segunda-feira, avançou que existem agora “evidências consistentes” de que as pessoas acima do peso têm maior risco de hospitalização, maior probabilidade de entrar nos cuidados intensivos ou de morrer após contrair a covid-19.

De acordo com o documento, cerca de dois terços dos adultos no Reino Unido estão acima do peso e metade desse grupo é considerado obeso.

“Quando entrei na UCI [Unidade de Cuidados Intensivos], quando estava muito doente, estava com excesso de peso”, disse Boris Johnson, num vídeo divulgado no Twitter para lançar uma campanha para reduzir as taxas de obesidade no país como parte da sua resposta à pandemia.

Num artigo publicado no The Conversation, Lucie Nield e Jenny Paxman, da Sheffield Hallam University, no Reino Unido, explicam que as medidas anunciadas como parte de uma estratégia para combater a obesidade na Grã-Bretanha podem não ser suficientes para acabar com a obesidade, e muitos podem, até, não ser eficazes.

Em primeiro lugar, as investigadoras apontam que as medidas não têm como alvo todos os fatores de obesidade. Um dos maiores objetivos do Governo é promover o aumento da atividade física, uma medida que inclui investimentos em infraestruturas e incentivos para os médicos prescreverem exercício físico ou outras atividades sociais.

Apesar de alguns estudos mostrarem que a atividade física é mais alta em bairros com mais parques e transportes públicos, os artigos não reconhecem completamente a complexidade da obesidade, uma vez que nem toda a gente vau querer ou escolher ser ativo.

O Governo britânico também anunciou a promoção de uma alimentação mais saudável, através da proibição da publicidade de junk food na televisão antes das 21h, por exemplo. Mas este tipo de estratégias pode não funcionar – melhorar o acesso a alimentos mais saudáveis e acessíveis pode ser muito importante para trazer mudanças mais amplas.

Do mesmo modo, incluir as calorias nos rótulos pode não trazer mudanças assim tão significativas. Nield e Paxman salientam que os comportamentos do consumidor são ditados por uma combinação de atitudes, pelo que ter informações nutricionais não substituirá necessariamente todos os outros fatores.

Por último, as investigadoras sublinham que programas gerais de controlo de peso podem não funcionar com toda a gente, já que há várias pesquisas que mostram que programas personalizados são mais eficazes do que serviços de controlo de peso.

ZAP //

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