O novo presidente do BES, Vítor Bento, que substituiu o líder histórico Ricardo Salgado, admitiu a existência de indícios de eventuais violações de normas legais, que serão investigados e denunciados às autoridades.
“Na medida em que a descrição de alguns dos contributos para esses resultados [relativos ao primeiro semestre] parece indiciar a existência de eventuais violações de normas legais, tais indícios irão ser devidamente investigados e, se for o caso, comunicados às autoridades competentes para os fins legalmente previstos”, lê-se num comunicado enviado esta quarta-feira ao mercado.
Banco anunciou 3.6 mil milhões de prejuízo
O BES apresentou esta quarta-feira os piores resultados semestrais de sempre de um banco nacional, assumindo um prejuízo de 3,577 mil milhões de euros entre janeiro e junho.
Os resultados anunciados ultrapassaram em muito as piores expectativas dos analistas.
Num documento estruturado em diversos pontos, o gestor sublinhou que os prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros se ficam a dever a “eventos extraordinários não recorrentes”, já que, no que toca à atividade corrente, o BES teria registado um resultado líquido negativo de 255,4 milhões de euros.
“A extensão destes números não pode ser ignorada e requer ações decisivas para construir um futuro de longo prazo”, afirmou o gestor.
Daí, além de anunciar que vai avançar imediatamente com um aumento de capital, Vítor Bento revelou também que a nova equipa de gestão “já iniciou a preparação de um Plano Estratégico de Restruturação do banco visando a sua adequação à nova realidade do negócio bancário, nomeadamente em Portugal”.
Vítor Bento vai vender
Este plano prevê ainda “uma avaliação exaustiva dos ativos que seja possível alienar, nomeadamente, mas não só, associados a algumas presenças internacionais que não sejam estratégicas”, informou.
O responsável assegurou que “as potenciais alienações serão feitas tendo também em conta a maximização do valor do banco para os seus ‘stakeholders'”, realçando que “será sempre salvaguardada a eficácia e a qualidade do serviço a que o BES acostumou os seus clientes e que o destaca como um prestador de serviços bancários de elevada qualidade”.
E concluiu: “Em suma, apesar de serem tempos difíceis para os ‘stakeholders’, estamos totalmente focados em empreender os passos necessários para obter a viabilidade e rentabilidade do BES reafirmando-o como uma referência no futuro”.
Banco de Portugal inibe direitos de voto
O Banco de Portugal inibiu os direitos de voto inerentes à participação da Espírito Santo Financial Group (ESFG) no BES, segundo um comunicado divulgado na quarta-feira após terem sido conhecidos os prejuízos históricos do BES no primeiro semestre.
Num dos pontos, o Banco de Portugal determinou “inibir os direitos de voto inerentes à participação qualificada que a Espírito Santo Financial Group, S.A. e a Espírito Santo Financial (Portugal) – SGPS, S.A. detêm no BES”.
ZAP/Lusa
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Uma empresa que dá prejuizo deve fechar imediatamente, para mais com estes valores astronómicos, mas não convem claro, há politicos envolvidos e lá se vai a mama. Se fosse uma fábrica de rolhas essa sim e os trabalhadores iam para o desemprego.