Bens de Rendeiro arrestados ou apreendidos já vão nos 70 milhões de euros

Tiago Petinga / Lusa

O ex-presidente do BPP, João Rendeiro

Nove obras de arte que estavam em Londres foram repatriadas, diz a PJ. Também foram apreendidos um apartamento de 1,15 milhões de euros, um veículo de 50 mil e saldos bancários de mais de meio milhão de euros.

A Polícia Judiciária (PJ) anunciou esta sexta-feira ter recuperado um total de nove obras de arte de João Rendeiro que tinham sido vendidas ilicitamente quando o antigo banqueiro estava condenado por crimes de branqueamento.

“Em outubro de 2021, na sequência da fuga de João Rendeiro, e da notícia do descaminho de diversas obras de arte, no âmbito do processo no qual este estava condenado, a Polícia Judiciária encetou diligências tendo em vista a localização e recuperação do produto do crime”, refere a direção nacional da PJ em comunicado.

As diligências incluíram a “expedição de pedidos de cooperação judiciária internacional ao Reino Unido, EUA, França, Espanha, África do Sul, Suíça e Bélgica” e até dezembro de 2024 foram repatriadas nove peças que estavam em Londres.

As obras, os milhares das vendas ilegais (e outros bens)

Este mês foram recuperadas três peças: “Quadro sem título” de Robert Longo (vendida em março de 2021 por 91,5 mil euros); um banco em mármore branco intitulado “Selections from Truisms: A Lot of Professional”, da artista Jenny Holzer (cerca de 150 mil euros) e um banco em mármore preto, “Nothing Will Stop You”, da artista Jenny Holzer (135 mil euros).

“Em setembro de 2024, já havia sido conseguida a repatriação do quadro “Rzochow” do artista Frank Stella, ilicitamente vendido em outubro de 2021”, por 70 mil euros, e que estava em Nova Iorque.

Em janeiro de 2022, foi repatriado o quadro “Piaski”, do artista plástico Frank Stella, que tinha sido ilicitamente vendido em março de 2021, por cerca de 110 mil euros, que se encontrava na Bélgica.

Em Portugal, em 2021, já haviam sido recuperadas outras obras, como os quadros “Seraglio II” (Julião Sarmento), “Dias Quase Tranquilos” (Helena Almeida), “Lag-72” (Frank Nitsche) e “Quadro sem título” (Pedro Calapez).

No comunicado, a PJ recorda que foram arrestados outros bens que pertenciam de modo direto ou indireto a João Rendeiro e à sua mulher, como um apartamento (1,15 milhões de euros), um veículo de alta cilindrada (50 mil euros), saldos bancários em Portugal e no estrangeiro no valor de 514 mil euros.

No conjunto total, as autoridades portuguesas referem que “já foram “arrestados ou apreendidos bens e valores no valor de cerca de 70 milhões de euros”.

O fundador e antigo presidente do BPP, João Rendeiro, bem como outros ex-administradores, foram acusados de crimes económico-financeiros ocorridos entre 2003 e 2008, após se terem atribuído a si mesmos prémios e de se terem apropriado de dinheiro do banco de forma indevida.

Rendeiro acabaria por morrer a 12 de Maio deste ano numa prisão na África do Sul, onde estava desde o final de 2021, após três meses de fuga à justiça portuguesa para não cumprir pena em Portugal.

A herança de João Rendeiro não foi reclamada por ninguém no prazo dado pelo juiz Rui Teixeira. Os bens de Rendeiro têm de ser avaliados quando forem vendidos, mas estima-se que o herança valha cerca de 15 milhões de euros. 

ZAP // Lusa

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