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“Desconcertante.” Autoridades europeias desvalorizaram alertas sobre o novo coronavírus

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Mahmoud Khaled / EPA

A ata de uma das últimas reuniões do Centro Europeu de Doenças mostra que os peritos europeus desvalorizaram a gravidade da covid-19 e a sua capacidade de propagação.

O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) reuniu-se em Solna, na Suécia, no dia 18 de fevereiro, a 3 dias de a Itália descobrir que o SARS-CoV-2 se tinha propagado em silêncio pelo norte do país.

De acordo com a ata da reunião, a que o El País teve acesso, a quase totalidade dos 30 peritos considerou que o novo coronavírus apresentava um risco “baixo”.

O diário espanhol conta que só alguns dos presentes alertaram para a necessidade de adotar medidas para combater o vírus, enquanto que os representantes da Áustria e da Eslováquia sublinharam o inconveniente de gerar medo na população.

O espanhol Fernando Simón alertou para o perigo de “estigmatizar” quem fosse submetido a testes de diagnóstico. Confrontado com esta advertência, o diretor de emergências do Ministério espanhol da Saúde justificou-se, dizendo que se referia à necessidade de “controlar também a transmissão” do vírus e não apenas centrar o problema em poucas pessoas.

O ECDC estudou os 45 casos de infeção diagnosticados até à altura no continente europeu, todos eles importados ou resultado de contágios entre os contactos dos primeiros infetados, e concluiu que os contágios locais “parecem ser ligeiros”, escassos e localizáveis.

O El País refere que Mike Catchpole, chefe científico daquele centro, avisou que “o vírus se transmite muito bem”, como fora observado nos dois primeiros surtos registados na Europa, numa empresa alemã e numa estância de esqui nos Alpes franceses.

A ata destaca que o representante da Alemanha sublinhou que “as doenças não respeitam fronteiras” e que o representante dinamarquês frisou a importância de “saber onde e quando procurar o vírus”.

Apesar das advertências, só a 25 de fevereiro é que se flexibilizaram os critérios, ou seja, quadro dias depois das duas primeiras mortes em Itália.

Apesar de alguns países, a título individual, se terem começado a preparar para a catástrofe sanitária que se avizinhava, as atas mostram que, logo em fevereiro, o ECDC subestimou a dimensão da pandemia.

“Até sob o olhar daquela altura, com o que já se sabia, consegue-se perceber que não se valorizou suficientemente a capacidade de transmissão do vírus, nem o impacto que podiam ter as viagens internacionais”, resumiu Daniel López Acuña, professor na Escola Andaluza de Saúde Pública.

ZAP //

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4 Comments

    • A escolha em muitos casos é morrer da doença ou morrer à fome. Parece que tem dificuldade em compreender isto. Em países como o Brasil esta questão é bem premente. Não trabalha hoje, não come hoje. Sei que nos parece estranho mas em muitos países é assim mesmo.

  1. Possivelmente os responsáveis europeus tão embebecidos com a China e tudo o que de lá vem, jamais imaginariam apanhar um presente desta natureza!

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