/

Ataque de Sócrates ao PS é uma “tremenda injustiça”. Costa não é um “traidor”, diz Ana Catarina Mendes

Tiago Petinga / Lusa

Líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes

A líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, criticou as declarações de José Sócrates que, em resposta a Fernando Medina, atacou a direção do partido.

Em entrevista à TVI, na noite desta quarta-feira, José Sócrates respondeu a Fernando Medina, que defendeu que as suspeitas que recaem sobre o antigo primeiro-ministro minam a confiança dos portugueses e corroem a democracia.

“O essencial não é esse personagem”, atirou Sócrates, para logo de seguida acrescentar: “Falemos, portanto, do mandante que é a liderança do PS e a sua direção. E essas declarações dizem tudo sobre o que realmente pensa o Partido Socialista, ou melhor, a sua direção”, disse, acrescentando que saiu do PS por já não aguentar o silêncio do partido.

Na Circulatura do Quadrado, na TVI, a líder parlamentar do PS respondeu ao antigo governante, classificando o ataque de “uma tremenda injustiça“, quer “à direção do PS, quer ao próprio António Costa, considerando-o como um traidor, não só na entrevista de hoje, como nos últimos dias”.

“O PS nunca apagou a história do seu partido”, sublinhou Ana Catarina Mendes, citada pelo Expresso. “Sabe que José Sócrates deu a primeira e única maioria absoluta ao partido, foi secretário-geral, foi primeiro-ministro e entende que, em processo judicial sempre disse que deixaria o processo correr na justiça, deixando-a fazer o trabalho que tem de fazer.”

Ao contrário de Medina, a socialista preferiu não fazer qualquer comentário sobre os factos da acusação ou sobre o comportamento do ex-primeiro-ministro.

No caso de a acusação se confirmar, como estamos a falar de um ex-primeiro-ministro, isso faz com que “os cidadãos tenham a legítima necessidade de olhar para os partidos também com desconfiança”, reconheceu apenas.

Apesar de entender a necessidade de, neste momento, dar uma entrevista, a líder parlamentar do PS recomendou “recato” a José Sócrates. “Há momentos em que é preciso recato e o recato aconselhava a que não tivéssemos aqui também uma nova sessão de justificação, a explicar coisas.”

Esta quarta-feira, Fernando Medina quebrou o silêncio que se faz sentir no PS desde sexta-feira e reagiu à acusação de José Sócrates, afirmando que a decisão do juiz de instrução Ivo Rosa é de “enorme gravidade e singularidade“.

“Alguém que exerce funções de primeiro-ministro, como outro eleito, tem uma suprema responsabilidade, a responsabilidade dos milhões das pessoas que votaram e dos milhares que o apoiaram diretamente. [A confiança] é colocada em causa quando se vê uma decisão do tribunal desta natureza”, disse o presidente da Câmara de Lisboa.

Na última sexta-feira, o antigo primeiro-ministro foi ilibado dos crimes de corrupção na Operação Marquês, mas o juiz Ivo Rosa acusou-o declaradamente de se ter “vendido” ao amigo Carlos Santos Silva. Só que o crime já prescreveu e, portanto, Sócrates está apenas acusado de branqueamento de capitais, arriscando até 12 anos de prisão.

Liliana Malainho, ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.