As máquinas ECMO salvaram a vida a mais de 200 doentes covid

Matt Kowalczyk / Flickr

ECMO, máquina que oxigena o sangue fora do corpo

Portugal é dos países que mais têm usado a máquina que substitui os pulmões e a idade média dos pacientes que a utilizam é 51 anos.

Segundo o Jornal de Notícias, desde o início da pandemia que pelo menos 314 doentes covid-19 graves estiveram ligados à ECMO, a máquina que oxigena o sangue fora do corpo, substituindo a função pulmonar.

As taxas de sobrevivência destes doentes, cuja média de idades ronda os 50 anos, andam entre os 63% e os 78%, dependendo dos hospitais. O que significa que mais de 200 pessoas que estiveram no fim de linha recuperaram.

Adultos, mulheres grávidas, como a que deu à luz, na quarta-feira, no Hospital de S. João, adolescentes e crianças passaram por este tratamento altamente complexo, que é usado em cuidados intensivos quando nada mais resulta.

Em Portugal, há três centros de referência ECMO: os Hospitais de S. João, no Porto, e os de Santa Maria e S. José, em Lisboa. Mas, nos picos das vagas da pandemia, Coimbra, Gaia (2 doentes) e Funchal (4) também usaram a tecnologia, como indica o último boletim do EuroECMO-Covid.

De acordo com aquele relatório, feito com dados de dezembro, Portugal usou o ECMO em 258 doentes, mas a informação mais atualizada fornecida pelos hospitais indica que já são, pelo menos, 314.

O relatório mostra que Portugal é dos países da Europa que submeteu mais doentes a ECMO. Alemanha (857), França (652), Espanha (633) e Itália (608) estão no topo em termos de casos absolutos.

No Centro Hospitalar Lisboa Norte, que inclui o Santa Maria, estiveram internados 92 doentes covid-19 desde o início da pandemia.

A média de idades é de 55 anos, o que significa que “alguns têm entre 20 e 30 anos e outros entre 60 e 70”, frisou João Ribeiro, diretor do Serviço de Medicina Intensiva.

Idades que se explicam pela complexidade e risco associado ao ECMO, mas que também mostram que “a doença não é sempre benigna nas idades mais baixas“.

No Santa Maria, a taxa de sobrevivência atingiu os 78%, “um resultado extraordinário atendendo à casuística observada”, através de “uma triagem rigorosa na identificação dos doentes com mais condições de sobreviverem com esta técnica”.

No Centro Hospitalar Lisboa Central, o ECMO foi usado em 87 doentes covid-19, com uma média de idades de 48,2 anos. A taxa de sobrevivência foi de “mais de 75%”.

No Hospital de S. João, no Porto, que reportou 83 utilizações ao EuroECMO-Covid, das quais 10% são em idade pediátrica ou neonatal, a idade média dos doentes é de 51 anos e a taxa de sobrevivência de 70%.

Já no Centro Hospitalar de Coimbra, foram submetidos a ECMO 46 doentes, com uma taxa de sobrevivência de 63%.

Portugal registou 40.134 novas infeções e mais 22 mortes associadas à covid-19, 12 das quais na região de Lisboa e Vale do Tejo e 15 com mais de 80 anos.

Segundo o boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS), também estavam mais 64 pessoas internadas em enfermaria, totalizando 1699, o número mais elevado dos últimos dez meses.

Ainda assim, mais baixo do que há um ano, altura em que estavam 4.240 pessoas hospitalizadas. No entanto, estavam menos cinco pessoas nos cuidados intensivos, um total de 162. Os casos ativos voltaram a aumentar, totalizando 286.965, mais 10.071 do que na quarta-feira, e 30.041 pessoas recuperaram da doença.

Cerca de 10% dos doentes em ECMO tratados no S. João são da faixa etária pediátrica e neonatal. Um dos casos foi o de um adolescente saudável que teve de ser tratado com ECMO por covid-19 grave. Foi transferido do Centro Materno Infantil do Norte para o S. João e, apesar do internamento prolongado, sobreviveu.

No Centro Hospitalar Lisboa Norte, duas crianças foram submetidas a ECMO. No ano passado, duas grávidas deram à luz ligadas àquela máquina, ambos os casos com desfechos favoráveis.

O que é a ECMO?

É uma máquina que faz a oxigenação do sangue fora do corpo, substituindo a função pulmonar e/ou cardíaca.

Em cuidados intensivos, o sangue é extraído por uma artéria e, ao passar pela máquina, é-lhe removido o dióxido de carbono e adicionado oxigénio.

Depois, volta ao corpo por outra veia. Nos doentes covid-19, que desenvolvem pneumonias graves, o objetivo é manter o doente vivo até que haja recuperação da função pulmonar e o doente consiga respirar sozinho.

Os doentes covid-19 graves têm demonstrado uma evolução mais favorável em ECMO do que com ventilação invasiva mecânica. Mas nem todos os doentes cumprem critérios para a ECMO.

Sendo uma técnica complexa e invasiva, tem vários riscos associados, como tromboses, hemorragias e infeções.

Antes de um doente ser ligado à ECMO, é feita uma avaliação rigorosa, que segue critérios estabelecidos nacional e internacionalmente, para perceber se o doente tem capacidade de tolerar o tratamento e de recuperar para um estado semelhante ao que antecedeu a doença.

ZAP //

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