Paulo Raimundo reuniu com empresários para desmistificar ideia de que é contra as empresas. Rui Tavares diz que o desfile de ex-primeiros ministros da AD “traz más memórias”. Rui Rocha considera que o comício do PS no Porto foi um “desfile de demissionários”.
A CDU abriu hoje o oitavo dia de campanha eleitoral com uma sessão com micro, pequenos e médios empresários para desmistificar a ideia de que seja contra as empresas e para exigir uma alteração da política económica do país.
Numa iniciativa diferente de todas as que a coligação que junta PCP e PEV já realizou neste período oficial de campanha, o secretário-geral do PCP ouviu os testemunhos de vários pequenos empresários e acentuou a necessidade de apoiar a atividade destas pessoas em detrimento dos grandes grupos económicos.
“Esta é uma boa oportunidade para desmistificar de uma vez por todas uma ideia de que a CDU é contra o desenvolvimento e as empresas. Não só não somos contra, como achamos que é fundamental dinamizar a atividade económica”, afirmou Paulo Raimundo.
“O problema é que temos um problema de fundo: uma política orientada para o apoio não à economia, mas ao 01% daqueles que desenvolvem atividade económica e que afasta 99% do tecido empresarial português”, disse.
Sublinhando que a política económica nacional “responde às necessidades dos grandes grupos económicos” e invocando como exemplo um apoio de 400 mil euros à Sonae para o aumento dos custos do salário mínimo, o líder comunista frisou que esses grupos “engolem e esmagam” os micro, pequenos e médios empresários.
“Quando exigimos salários, sabemos que é um esforço para os MPME. Mas é um investimento”, observou.
Acrescentou ainda que medidas como a fixação de preços em certas áreas e a redução do IVA na energia ou nas telecomunicações visam ajudar os empresários a enfrentar os custos de contexto da sua atividade.
“Os MPME são aliados do projeto da CDU. É preciso que estes 99% sejam discriminados positivamente e não o 01%. Esta é a grande diferença”.
Direita “traz más memórias”
O porta-voz do Livre, Rui Tavares, salientou hoje que as recentes governações à esquerda “deixaram satisfação”, nomeadamente a ‘geringonça’, ao contrário da direita que “traz más memórias”, e deixou também um apelo de combate ao voto útil.
Numa visita ao bairro do Armador, em Chelas, Rui Tavares foi questionado sobre a presença do primeiro-ministro, António Costa, na campanha socialista para as legislativas de dia 10.
“Acho que esta maioria absoluta não foi suficiente, mas o que eu vejo é que a esquerda nos seus debates mostrou elevação e mostrou conteúdo, as governações da esquerda nesta última década e meia, a começar pela ‘geringonça’, deixaram satisfação”, considerou.
Já a direita, quando traz os seus ex-primeiros-ministros, diz o porta-voz do Livre, o “que traz são más memorias”, considerou.
Na opinião do cabeça-de-lista por Lisboa, quando a AD leva para a campanha nomes como Cavaco Silva, Durão Barroso ou Pedro Passos Coelho, “o que as pessoas se lembram é de austeridade”.
No entanto, apesar de apelar ao voto à esquerda, Rui Tavares não deixou de alertar que “o voto útil há dois anos não resolveu nada”, referindo-se à maioria absoluta do PS e depois de no sábado António Costa se ter dirigido aos indecisos.
“O que resolve é darmos força às ideias de que gostamos mais. Fazemos o apelo a toda a gente que combata a ideia de que essa chantagem sobre os eleitores deva ser eficaz e que combata também desinformações acerca das posições do Livre”, apelou, considerando que este é um pedido importante no começo da segunda e última semana de campanha eleitoral.
“Reunião de demissionários” do PS
O presidente da Iniciativa Liberal disse hoje que o que aconteceu no sábado no comício do PS, no Porto, foi uma “reunião de demissionários”.
Apontando críticas ao PS, e instado a comentar a presença do primeiro-ministro, no comício, o dirigente liberal considerou que “de lá não saiu nada de novo”, porque os principais intervenientes, referindo-se a Pedro Nuno Santos e António Costa, são “rostos do passado”.
“Juntaram-se ali o demissionário ainda em funções, António Costa, com o demissionário do Governo, Pedro Nuno Santos, que pretende agora apresentar uma proposta para o país. Nada de novo que vem de ali”, afirmou.
Segundo Rui Rocha, a presença de António Costa não trouxe grande surpresa, porque fez “o número do costume” ao apresentar um conjunto de dados que são sempre contrariados pela realidade dos portugueses.
Para o presidente da IL, o primeiro-ministro pode esforçar-se, mas os portugueses já perceberam que a solução do PS é “dar mais do mesmo”.
“A intervenção de António Costa não muda a realidade, a realidade de um país com serviços públicos degradados, com baixo crescimento, com baixos salários, com emigração dos jovens”.
Rui Rocha descredibilizou também hoje a sondagem JN/TSF/DN que coloca o seu partido atrás do BE e CDU, e insistiu que o PS, que nesta sondagem aparece à frente, tem de dizer se vai envolver o PCP numa solução governativa.
“Eu não atribuo credibilidade a essa sondagem, mas se lhe querem atribuir credibilidade então temos de olhar para aquele cenário que sai daquela sondagem e perguntar ao PS, que também aparece à frente, se numa futura solução que poderia resultar dessa sondagem, se vai envolver nessa solução um partido como o PCP num momento em que se alastra a possibilidade de guerra na Europa”, afirmou Rui Rocha
E acrescentou: “Se acreditarmos nessa sondagem, coisa que eu não faço, então a pergunta séria a fazer ao PS é o que vai fazer com essa solução que sai dali”.
ZAP // Lusa