Arguidos da Operação Influencer não puderam ouvir aquilo que todo o país ouviu

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Miguel A. Lopes / Lusa

Lucília Gago, procuradora-geral da República

Os arguidos da Operação Influencer continuam impedidos de consultar as escutas de que foram alvo (menos as que já foram divulgadas pela CNN). A Ministra da Justiça lamenta fuga de escutas e propõe uma reflexão alargada.

A fuga de informação de escutas telefónicas que estavam, até então, apenas na alçada da justiça vieram levantar questões sobre o recurso aos meios ocultos de investigação.

Esta sexta-feira, o Expresso revelou que os arguidos da Operação Influencer continuam impedidos de consultar as gravações das escutas de que foram alvo.

No entanto, esta semana, a CNN Portugal divulgou escutas que revelam que António Costa considerou a demissão de Ourmières-Widener uma medida política indispensável para preservar a imagem do Governo.

Em entrevista à mesma estação de televisão, esta quinta-feira, João Galamba – antigo ministro das Infraestruturas e um dos arguidos na Operação Influencer – lamentou que a comunicação social saiba mais do que os próprios arguidos.

“Até a CNN sabe mais do que eu, porque eu ainda não tive acesso às escutas e, portanto, estranho que num caso desta natureza haja uma televisão que tenha o conhecimento que eu não tenho”, lamentou.

Galamba considerou inadmissível a fuga de informação que nem os próprios arguidos podem consultar: “É absolutamente inadmissível que, tendo sido eu alvo de buscas no dia 7 de novembro, desconheça algo que um canal de televisão em detalhe que aproveita para efeitos comerciais”.

O Expresso adianta ainda que, durante os sete meses de investigação, os arguidos e respetivos advogados só tiveram acesso aos autos do processo numa ocasião – em janeiro – e não puderam fazer cópias.

É necessário uma “reflexão alargada”

Esta sexta-feira, em entrevista à Antena 1, a ministra da Justiça, Rita Júdice, confessou-se preocupada com as fugas de informações.

Referindo-se à recente divulgação de escutas telefónicas da Operação Influencer, a governante sublinhou várias vezes que é urgente fazer uma reflexão alargada sobre o recurso aos meios ocultos como as escutas telefónicas.

“Naturalmente que a ministra da Justiça fica sempre preocupada quando há violações do segredo de justiça (…) O que o Governo pretende fazer é uma reflexão alargada, e desejavelmente regular, quanto ao recurso de meios ocultos numa investigação”, admitiu.

Quando questionada se admitia alterações nesse aspeto, Rita Júdice insistiu que é preciso refletir: “É claro – e a pergunta é um sinal disso mesmo – que há um desconforto”.

“Nós não queremos que existam utilizações indevidas dos dados das pessoas. Tem de haver salvaguarda dos direitos das liberdades e garantias a todos os níveis. Parece-nos importante que haja esta reflexão sobre o recurso aos meios ocultos de investigação: escutas e afinas…”, concluiu.

Miguel Esteves, ZAP //

 

3 Comments

  1. A justiça Portuguesa é um partido político em si e tem traços de personalidade inquisitivos, tal como o SEF também tinha.
    Ainda não sacudiram esta facilidade de investigar do tapete, provavelmente por preguiça, e incompetência.
    Vá lá que não usam a tortura, embora que investigações de >10 anos sejam comparáveis.
    Nesta linha de actuação, dantes a GNR arrancava sempre uma confissão na cave da esquadra.

  2. Costa reconhecia que o governo estava todo roto. Dizia: Temos que agir politicamente porque se não estamo feitos num oito. Vai daí, como bode expiatório, toca a demitir (sem justa causa) a presidente da TAP. A juntar aos 4 milhões das vacinas (roubadas?) o Estado terá que pagar mais 6 milhões à ex-presidente da TAP. Viva Portugal. Viva a ladroeira dos políticos.

  3. Isto é perseguição politica.
    Depois do golpe de estado que essa senhora fez, agora isto, vergonhoso, e não lhe acontece nada?

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