Novo apagão… na campanha da CDU. Mas atenção a Raimundo: está a surpreender

Pedro Sarmento Costa / Lusa

O secretário geral do PCP, Paulo Raimundo

Secretário-geral do PCP critica troca de galhardetes e discursos bonitos. E “está cada vez mais um tribuno digno de nota”.

No arranque da campanha eleitoral, o secretário-geral do PCP criticou a “troca de galhardetes” entre líderes partidários e sublinhou que a campanha deveria focar-se, por outro lado, na discussão de temas essenciais e propostas para melhorar a vida dos portugueses.

“Não precisamos de fazer trocas de galhardetes. Precisamos é de apresentar propostas para melhorar a vida das pessoas: salários, direitos, fim da precariedade, respeito pelos horários”, defendeu Paulo Raimundo.

O líder da CDU (PCP e Partido Ecologista “Os Verdes” – PEV) respondia aos jornalistas, no final de uma marcha que terminou com um comício nos Bombeiros Mistos do Seixal, dedicado ao trabalho.

Questionado sobre as declarações Pedro Nuno Santos, que recordou a governação de Passos Coelho para deixar criticas à AD, Paulo Raimundo disse estranhar a comparação do líder do PS, partido que, no ano passado, viabilizou o Orçamento do Estado do Governo de Luís Montenegro.

Sem se alongar nos comentários, Paulo Raimundo disse apenas que são “galhardetes, ‘soundbites’ e frases feitas” e que, da sua parte, prefere centrar-se nas propostas que a coligação apresenta para as eleições legislativas de 18 de maio.

Desde logo, a melhoria das condições de trabalho, tema que esteve em destaque no comício realizado durante a tarde no Seixal, autarquia comunista, e em que estiveram presentes algumas centenas de militantes e apoiantes da CDU.

“Se a força do trabalho se impuser, a vida do país anda para a frente, a vida da maioria anda para a frente”, exclamou perante um auditório cheio.

Dia da Mãe e… apagão

Antes, no final de um almoço no Pavilhão do Sobralinho, concelho de Vila Franca de Xira, o secretário-geral do PCP criticou os “discursos bonitos” sobre a natalidade no Dia da Mãe de quem faz promessas eleitorais à boleia da data, mas não apresenta respostas concretas para melhorar a vida das famílias.

“Não vale a pena discursos bonitos quando são os mesmos que se recusam a combater a precariedade, os baixos salários, a discriminação salarial de que as mulheres são alvo, a desregulação profunda dos horários”, afirmou Paulo Raimundo.

Na data em que se assinalou o Dia da Mãe, Paulo Raimundo lembrou que a poucos quilómetros dali, no Hospital de Vila Franca de Xira, as urgências de obstetrícia e pediatria estavam novamente fechadas.

“Não pode continuar assim”, exclamou, deixando um apelo ao voto na coligação “para haver mais médicos, mais enfermeiros, mais técnicos, mais Serviço Nacional de Saúde, para que não se permita que as urgências continuem encerradas neste país fora”.

Insistindo nas críticas às “proclamações, intenções e discursos bonitos”, o secretário-geral do PCP disse, sem nomear partidos, que “são os mesmos que recusaram e recusam concretizar o que é fundamental”.

“Para resolver o problema é preciso direitos, salários, habitação, creches e mais força para a CDU”, disse, apelando ao voto, em particular, dos eleitores do distrito de Lisboa, onde espera conseguir eleger quatro deputados.

Paulo Raimundo lembrou ainda as mais de 300 mil crianças que vivem na pobreza em Portugal e disse que é preciso penalizar “aqueles que são responsáveis e dormem descansados” com a situação.

“E se não fossem os apoios sociais eram mais de 500 mil crianças na pobreza. Na CDU não dormimos sobre este problema e não descansaremos enquanto não o resolvermos”, acrescentou.

Ao final de quase 25 minutos, Paulo Raimundo não chegou a terminar o discurso, interrompido por um corte de energia. Um apagão que não apagou a sua intervenção: “…para no dia 19… (apagão) continuarmos este combate. Até a luz faltou, mas não me falta a voz!”, finalizou, perante sorrisos atrás, no palco.

Raimundo surpreende

Também neste domingo, Luís Delgado escreveu sobre Paulo Raimundo, um líder partidário que se tem destacado nesta fase pré-eleições, segundo o comentador político.

No início da campanha, em Vila Franca de Xira, Paulo Raimundo “surpreendeu com um desempenho muito eficaz na retórica própria do PCP. Está cada vez mais um tribuno digno de nota: consegue pôr de pé uma plateia, com aplausos, e domina claramente a oratória política”, analisou Luís Delgado, na revista Visão.

“Paulo Raimundo é uma surpresa — e boa — para o PCP. Nesta campanha representa o sobressalto e o espanto que os comunistas precisam. Não é fácil liderar um partido que carrega uma história centenária e, ao mesmo tempo, enfrentar as realidades políticas do século XXI. Mas Raimundo está à altura“, acrescentou.

Luís acrescenta que o secretário-geral do PCP pode ser agora o “fator novidade” na campanha eleitoral, sobretudo nos eleitores que já votaram CDU noutros tempos e agora votam Bloco de Esquerda ou Livre.

“É uma campanha para seguir de perto. Raimundo só tem de abrir o discurso e falar para todos. Os eleitores podem surgir de onde menos se espera“, finalizou o comentador político.

Horas depois da publicação desta opinião, o debate televisivo com todos os líderes de partidos que estão no Parlamento trouxe novamente um Paulo Raimundo eficaz, talvez superado apenas por Rui Rocha nas intervenções.

ZAP // Lusa

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