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Ao lado de Cabrita, Marcelo defende que é essencial apurar o que aconteceu na A6

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Mário Cruz / Lusa

O Presidente da República defendeu, esta quarta-feira, tendo ao seu lado o ministro da Administração Interna, que o essencial é apurar-se a matéria de facto sobre o acidente na A6.

O chefe de Estado prestou declarações aos jornalistas no final de uma visita à Unidade Especial de Polícia, no concelho de Sintra, em que esteve acompanhado por Eduardo Cabrita, quando foi questionado se não considera urgente haver explicações sobre este acidente com o carro em que seguia o ministro da Administração Interna, que provocou a morte de um trabalhador que realizava trabalhos de limpeza na berma.

“Para mim, o essencial é a matéria de facto. E haverá quem vá investigar a matéria de facto, há várias instâncias que se encarregam de investigar a matéria de facto para diversos efeitos”, respondeu Marcelo Rebelo de Sousa, com o ministro ao seu lado, que não quis depois pronunciar-se sobre este caso.

O Presidente referiu que este “acidente infelizmente teve consequências mortais num cidadão” e afirmou que “as autoridades investigam, quem quer que seja que vá dentro do veículo automóvel e quem quer que seja o cidadão que seja atingido”.

“Portanto, essa investigação, esse apuramento de facto deve decorrer e, a meu ver, não deve depender de saber se a A ou B ou C a conduzir ou ao lado do condutor ou atrás do condutor. É apurado, é apurado, o que for apurado é apurado“, acrescentou.

Em seguida, a comunicação social perguntou ao ministro se não queria aproveitar esta ocasião para finalmente falar sobre o acidente ocorrido há doze dias, mas Cabrita defendeu que este não era “de todo o momento adequado”.

Não é este o momento adequado, porque normalmente quando o Presidente da República está presente, os ministros não falam”, concordou Marcelo Rebelo de Sousa, que, no entanto, remeteu a decisão para o ministro: “Mas enfim, mas se quiser”. Perante a recusa do ministro, o chefe de Estado observou: “Não, entende que não”.

No dia seguinte ao acidente, o Ministério da Administração Interna esclareceu, em comunicado, que não existia sinalização para alertar os condutores dos “trabalhos de limpeza em curso” na A6.

No entanto, esta terça-feira, fonte da Brisa, responsável pela manutenção da estrada e que subcontratou a empresa Arquijardim, onde trabalhava a vítima mortal, afirmou que os trabalhos estavam devidamente sinalizados, cumprindo todas as regras de segurança. O advogado da família também assegurou, numa entrevista à SIC, que o trabalhador tinha colete refletor.

Esta quarta-feira, o Correio da Manhã também cita uma testemunha do acidente, que garante que o automóvel onde seguia o ministro ia “a uma velocidade louca”.

Enquanto isso, aumenta a pressão dos partidos de direita para que sejam tornadas públicas as circunstâncias deste acidente. O grupo parlamentar do CDS-PP pediu explicações ao MAI sobre o acidente, querendo saber se mantém que os trabalhos naquela autoestrada não estavam assinalados.

Nesta pergunta, os deputados centristas querem saber também se a viatura seguia dentro do limite de velocidade e se “foi aberto processo de inquérito interno às circunstâncias do acidente, a fim de determinar a existência de prejuízos e os titulares do direito a indemnização”.

“Já alguém contactou a viúva e as filhas da vítima, a fim de perceber quais as suas necessidades imediatas e encaminhá-las para os serviços adequados do Estado, enquanto não houver resultados do inquérito interno?”, perguntam igualmente.

O grupo parlamentar do CDS questiona também o ministro se já foi ouvido no âmbito do inquérito anunciado pelo Ministério Público e se a viatura envolvida no acidente é propriedade do Ministério da Administração Interna.

ZAP // Lusa

6 Comments

  1. “há várias instâncias que se encarregam de investigar a matéria de facto para diversos efeitos”

    Boa Martelo, gosto sempre muito quando enches a boca com esses chavões sobre o Estado de Direito, mas de que importra a matéria de facto quando depois temos Ministros e Deputados a recusar-se a revelar relatórios e recorrer a imunidades parlamentares, como o João Cravinho que insiste em não revelar relatório (e ignora parecer) sobre derrapagem nas obras do Hospital Militar?

    Matéria de facto? Ya…

  2. Vergonha
    O MAI disse que a obra não estava sinalizada
    A BRISA diz que estava sinalizada
    No final o assassino vai sair a assobiar… Não há justiça em Portugal.

    • Mas já repararam como é que este Governo atua em todos os casos:
      – Primeiro mente
      – Depois confrontado com a realidade por declarações de terceiros vem dizer que tudo foi feito normalmente
      – No final, arranja uma outra qualquer notícia para abafar tudo

      Foi assim no episódio do Procurador Europeu (onde disseram que não tinham mentido na carta; obviamente que mentiram e ficou demonstrado que o fizeram; no dia em que passaram uma enorme vergonha no parlamento europeu e para este facto não ser notícia de abertura, suspenderam as aulas presenciais, quando no dia anterior tinham dito que as aulas presenciais iriam continuar!!!); no caso do protesto dos proprietários dos restaurantes (em que mandaram os cães para as redes sociais dizerem que o ljubomir stanisic traficava droga e que só assim suportava os restaurantes); no caso das rendas da EDP (em que até perseguiram o funcionário da AT que fez o parecer; no caso do lítio onde a negociata estava quase feita e as investigações da PJ obrigaram a um recuo rápido no esquema montado…; no caso do complexo ZMAR (vieram dizer que esse complexo devia 50 milhões ao Estado quando na realidade nem 5 milhões devia!!!)…

      Neste momento quem se mete com o governo é perseguido. Não há democracia!

  3. Agora não querem deixar aceder ao computador de bordo para apurar a velocidade e a viatura está em parte incerta…
    Diz a GNR que é por ordem superior.
    Vergonha de País.

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