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António Mendonça: “Era o que faltava ser instrumentalizado por José Sócrates”

André Kosters / Lusa

António Mendonça, antigo ministro das Obras Públicas

O ex-ministro das Obras Públicas negou ter sido pressionado por José Sócrates para favorecer o Grupo Lena e disse que se limitou a seguir um processo “que já estava em curso”.

De acordo com o Ministério Público, José Sócrates terá instrumentalizado não só António Mendonça mas também Mário Lino para que estes favorecessem os interesses do consórcio Elos, de que fazia parte o Grupo Lena, na atribuição do projeto de construção de um comboio de alta velocidade que ligasse Poceirão a Caia.

António Mendonça negou esta acusação e disse que quando quando tomou posse o processo já estava em andamento. O ex-ministro confessou, de acordo com o semanário Expresso, que ficou surpreendido quando o Tribunal de Contas chumbou o projeto porque, numa conversa “informal” que teve com o então presidente da entidade, Guilherme d’Oliveira Martins, este lhe deu a entender que estava tudo “bem encaminhado”.

Segundo o mesmo jornal, António Mendonça reagiu mesmo com indignação à acusação do MP. “Era o que faltava ser instrumentalizado por José Sócrates”, disse, quando foi confrontado com as suspeitas da equipa de procuradores liderada por Rosário Teixeira. “Não fui coagido, constrangido, nem nada”, garantiu Mendonça que substituiu Mário Lino na pasta das Obras Públicas em 2009 e ficou no cargo até 2011, quando o PSD ganhou as eleições legislativas e Pedro Passos Coelho formou Governo.

O ex-governante disse não saber quem introduziu a cláusula que previa uma indemnização e o recurso a um tribunal arbitral caso o TC viesse a chumbar o projeto. “Quando sai do Governo só quis esquecer“, admitiu.

Mário Lino também negou ter sido usado por José Sócrates para favorecer os interesses do Grupo Lena, dizendo que os governantes “não são mentecaptos”.

Em março de 2012, recorda o Expresso, no Governo de Passos Coelho, o Tribunal de Contas chumbou o projeto por falta de verba. Os juízes notaram que as propostas que passaram à fase de negociações foram alteradas posteriormente e apresentaram um conjunto de condições que não tinham sido aceites na primeira fase do concurso.

Um tribunal arbitral condenou o Estado português a pagar 149 milhões de euros de indemnização ao consórcio, valor que ainda não foi pago.

Ivo Rosa ainda vai ouvir Sérgio Monteiro, secretário de Estado das infraestruturas do Governo de Passos Coelho.

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