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Andrew Cuomo, Governador de Nova Iorque, demite-se após acusações de assédio sexual

Delta News Hub / Flickr

Andrew Cuomo, governador de Nova Iorque

O Governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, demitiu-se hoje face a uma série de acusações de assédio sexual.

A popularidade de Andrew Cuomo caiu em desgraça um ano depois do Governador ter sido amplamente saudado em todo o país pela liderança durante os dias mais duros da pandemia de covid-19 no Estado de Nova Iorque.

Contudo, após as acusações de assédio sexual, o Governador, que estava no terceiro mandato, anunciou a sua demissão.

“Dadas as circunstâncias, a melhor forma de ajudar é afastar-me”, referiu Cuomo numa conferência de imprensa, citado pela NBC News, alegando que esta é a única forma de poupar preocupações ao poder legislativo.

O Governador desculpou-se pelo seu comportamento, agradecendo às mulheres que o acusaram, mas insistindo que não pretendia assediar nenhuma delas.

“Eu abraço e beijo pessoas casualmente; mulheres e homens. Tenho feito isso durante toda a minha vida. Sou assim desde que me lembro”, disse Cuomo, acrescentando que na sua cabeça nunca cruzou “a linha com ninguém”, justificando que “existem mudanças de gerações e culturais” que não assimilou.

No seu discurso abriu ainda espaço para uma referência às filhas. “Quero que saibam que nunca desrespeitei intencionalmente uma mulher, ou trataria qualquer mulher de uma forma diferente do que eu gostaria que elas fossem tratadas”, frisou.

O processo começou depois de o procurador-geral de Nova Iorque ter divulgado os resultados de uma investigação que deu conta de que Cuomo assediou sexualmente pelo menos 11 mulheres.

Os investigadores indicaram que Cuomo submeteu as mulheres a beijos indesejados, apalpou seios ou nádegas ou tocou-lhes de forma inadequada, fez comentários insinuantes sobre a aparência delas e sobre a sua vida sexual.

Nas conclusões, os investigadores indicaram também que Cuomo criou um ambiente de trabalho “repleto de medo e intimidação”.

Desde Março que são públicas as acusações de que Cuomo teria assediado várias mulheres com quem trabalhou. Na altura, procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, avançou com uma investigação que comprovou as acusações. Apesar dos apelos à demissão, incluindo de Joe Biden, o governador recusava demitir-se, acabando por tomar a decisão no dia de hoje.

A primeira se manifestar-se sobre os assunto foi Lindsey Boylan, que escreveu um texto no site Medium onde descreveu ter sido submetida a “assédio generalizado” nos anos em que trabalhou para o Governador.

Boylan contou que Cuomo fez vários comentários inadequados na frente de outras pessoas, incluindo numa situação em que lhe pediu para jogar strip poker (jogo onde as pessoas se despem), e disse também que este a beijou na boca quando estavam sozinhos.

Na altura, o gabinete de Cuomo classificou as alegações de Boylan como “falsas”, mas o desabafo fez com que outras mulheres apresentassem queixa do político.

Agora, a vice-governadora Kathy Hochul, uma democrata de 62 anos e ex-membro do Congresso de Buffalo, irá tornar-se a 57.ª governadora do Estado e a primeira mulher a ocupar o cargo.

Ana Isabel Moura, ZAP // Lusa

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