Uma das principais conselheiras de Andrew Cuomo demitiu-se no domingo devido ao relatório que detalha 11 incidentes de assédio sexual com o governador de Nova Iorque.
Melissa DeRosa era secretária do governador e foi mencionada no relatório por ter alegadamente estado envolvida em tentativas de encobrir as acções de Andrew Cuomo e por ter retaliado contra uma das suas acusadoras.
“A resiliência, força e optimismo dos nova-iorquinos nos momentos mais difíceis inspira-me todos os dias. Pessoalmente, os últimos dois anos têm sido emocionalmente e mentalmente desafiadores. Estou eternamente grata pela oportunidade de ter trabalhado com colegas tão talentosos em nome do nosso estado”, afirmou, num comunicado.
O relatório descreve DeRosa como uma figura central na retaliação do escritório de Cuomo contra Lindsey Boylan, a primeira mulher que denunciou publicamente os comportamentos do governador.
Em Dezembro, depois de Boylan ter escrito no Twitter que Cuomo era “um dos maiores abusadores de todos os tempos”, DeRosa terá pedido a um ex-advogado do governador o seu “arquivo completo“.
Segundo os investigadores, o escritório de Cuomo terá depois distribuído os documentos por vários jornalistas, o que viola as leis que proíbem a retaliação contra vítimas de assédio sexual. DeRosa terá também alegadamente pedido a um ex-trabalhador para ligar a um funcionário estadual, que tinha apoiado Boylan no Twitter, e gravar a chamada.
A secretária era a figura mais reconhecida da administração de Cuomo depois do próprio. Segundo o Washington Post, DeRosa era a sua maior defensora e principal conselheira desde 2017, tendo aparecido ao seu lado na maioria das comunicações com a imprensa.
Melissa DeRosa era conhecida por um estilo duro e profano e não era muito popular entre os colegas, refere o Post. No último ano, foi criticada pela defesa aguerrida de Cuomo, tendo chegado a chamar políticos para o defender e para descredibilizar as acusadoras, e pelo seu papel no encobrimento de mortes por covid-19 nos lares do estado.
A conselheira defendeu-se das críticas acusando-as de ser sexistas. DeRosa foi mencionada 187 vezes no relatório – tantas vezes quanto Cuomo.
Já desde Março que são públicas as acusações de que Cuomo apalpou, beijou e fez comentários inapropriados a mulheres com quem trabalhou. A procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, avançou com uma investigação que comprovou as acusações. Apesar dos apelos à demissão, incluindo de Joe Biden, o governador recusa demitir-se.
A Assembleia de Nova Iorque deve avançar hoje com um processo de destituição de Cuomo, que também vai ser investigado depois de uma das suas assistentes executivas ter avançado com uma queixa criminal.