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Afinal, a mortalidade registada no último mês pode ter sido até cinco vezes superior ao normal

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Christophe Petit Tesson / EPA

Entre 1 de março e 22 de abril, morreram mais 2400 a 4000 pessoas do que seria expectável, avança o jornal i esta terça-feira, citando um estudo publicado esta segunda-feira na  revista “Acta Médica Portuguesa”.

Tendo em conta que até ao dia 22 de abril estavam confirmadas 785 vítimas mortas de covid-19, a equipa de especialistas liderada pelo especialista António Vaz Carneiro, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, conclui que o excesso de mortalidade foi de 3,5 a 5 vezes superior ao que pode ser explicado pelo novo coronavírus.

Os óbitos em causa incidem sobretudo em pessoas com mais de 65 anos e e em particular nos distritos de Aveiro, Porto e Lisboa e de forma mais expressiva nos distritos mais envelhecidos, detalha a mesma investigação.

De acordo com os cientistas, uma parte significativa das mortes poderá ter resultado do adiamento da procura de cuidados de saúde e do cancelamento de consultas e cirurgias não urgentes por causa da pandemia de covid-19.

“Não é profissionalmente, cientificamente e eticamente possível ignorar esta indução de mortalidade excessiva por os doentes não terem cuidados”, disse António Vaz Carneiro.

Na semana passada, a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) dava já conta de um “excesso de mortalidade” em Portugal.

O país registou, segundo a equipa, entre 16 de março e 14 de abril, um “excesso de mortalidade” que atingiu de “forma desproporcionada” pessoas com mais de 75 anos, tendo-se registado 1.255 óbitos acima do expectável.

“Os meses de março e abril são, normalmente, meses com mortalidade mais baixa do que os meses anteriores, mas em 2020 nota-se uma inversão dessa norma a partir de 11 de março, passando a registar-se um excesso de óbitos acima da média dos 10 anos anteriores”, podia ler-se no mesmo estudo.

Neste período, “registaram-se mais 1.255 óbitos do que seria de esperar com base na mortalidade média diária dos últimos 10 anos, ultrapassando mesmo o limiar da média mais dois desvios padrão [DP], a partir de 24 de março de 2020”.

ZAP //

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