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Acusação a Sócrates tem mesmo que sair em 13 dias (e há suspeitos que podem safar-se)

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Luis Forra / Lusa

O ex-primeiro-ministro José Sócrates

O ex-primeiro-ministro José Sócrates

A acusação a José Sócrates e aos demais arguidos do caso Marquês tem mesmo que sair até 17 de Março. A Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal, está inflexível no prazo estabelecido, mesmo com o risco de que alguns indícios escapem à investigação e alguns suspeitos se safem.

À luz de novos dados na mega-investigação que tem José Sócrates e Ricardo Salgado como principais arguidos, nomeadamente a recente constituição de Zeinal Bava e Henrique Granadeiro como arguidos, especulou-se que o prazo de 17 de Março, para a conclusão da acusação, poderia ser novamente adiado.

Mas Joana Marques Vidal desmente essa ideia, notando que a data mantém-se e que qualquer alteração será “imediatamente” comunicada aos jornalistas, conforme declarações recolhidas pela Lusa no final do I Encontro das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens do Ministério Público (MP) da área da Procuradoria-Geral da República (PGR) do Porto, realizado em Vila Nova de Gaia.

Este fincar de posição está a gerar “tensão” no MP, uma vez que os investigadores poderão ter que “abdicar de várias linhas de investigação para as quais já têm fortes indícios“, conforme reporta o semanário Sol.

Em apenas 13 dias, o tempo que falta até ao prazo estipulado pela PGR, os investigadores poderão não ter tempo, nomeadamente, de investigar devidamente as denúncias de Hélder Bataglia contra Ricardo Salgado, nem as suspeitas em torno dos novos arguidos Brava e Granadeiro, aponta o Sol.

Alguns nomes sob suspeita poderão também ficar de fora do processo, fruto da falta de tempo para efectuar todas as diligências necessárias, como é o caso de José Dirceu, o braço-direito de Lula da Silva, ex-presidente do Brasil, que “pode ‘safar-se'”, de acordo com o Sol.

O semanário Expresso adianta que a investigação já conta com “100 volumes e mais de 40 mil páginas“, num processo que inclui suspeitas de que Salgado terá pago quase cem milhões de euros em “luvas” a Sócrates, Bava, Granadeiro e Armando Vara, para obter decisões favoráveis ao Grupo Espírito Santo (GES).

Revelação dos depoimentos de Salgado e Bataglia investigada

Entretanto, Joana Marques Vidal revelou a abertura de um processo de inquérito por eventual violação do segredo de justiça, depois da revelação dos depoimentos de Salgado e Bataglia, no inquérito da Operação Marquês.

Uma posição que surge depois de as revistas Sábado e Visão e o site Observador terem divulgado o teor dos interrogatórios ao ex-presidente do BES e ao empresário luso-angolano, sobre a transferência de dinheiro do GES, que o MP entende ter como último destinatário José Sócrates através do empresário e seu amigo Carlos Santos Silva.

A Sábado escreve que Bataglia revelou que Salgado lhe pediu para utilizar as suas contas para fazer chegar discretamente dinheiro a Carlos Santos Silva, amigo de longa data de Sócrates e arguido no mesmo processo.

Confrontado com o depoimento de Bataglia, Salgado negou tudo, disse que mal conhecia Carlos Santos Silva e que nunca foi íntimo de Sócrates, adianta a revista.

Já a Visão avança que Salgado teve de explicar ao MP porque foi “desviado” dinheiro do GES para uma offshore em seu nome; porque deu milhões de euros a Bava e Granadeiro e ainda porque é que 1,2 milhões de euros acabaram nas mãos de José Dirceu.

A Operação Marquês conta actualmente com 23 arguidos, incluindo o ex-ministro socialista Armando Vara, a ex-mulher de Sócrates, Sofia Fava, Joaquim Barroca, do grupo Lena, o ex-responsável da farmacêutica Octapharma Lalanda e Castro e Diogo Gaspar Ferreira, responsável da empresa gestora do empreendimento Vale do Lobo (Algarve).

Sócrates, que esteve preso preventivamente mais de nove meses, está indiciado por fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção passiva para acto ilícito.

Dois anos após o início do inquérito, que a 20 de Novembro de 2014 fez as primeiras detenções, a investigação do MP continua sem que exista acusação ou arquivamento, estando prevista uma decisão para 17 de Março.

ZAP // Lusa

10 Comments

    • Marco Encarnação dou as tais ditas 2 semanas para ser tudo arquivado e virem todos os burros com uma pala á frente dos olhos que só vêm uma cor a dizer que foi uma cabala e levam o homem em ombros, com “sorte” ainda o vamos ter novamente como primeiro ministro

    • Mais respeito pelo país, que além de políticos banidos e de palermas sem cultura e educação como o senhor, ainda tem gente muita boa gente!!

  1. Reparem como ninguém fala nisto nas tv’s…é um silencio ensurdecedor das linhas editoriais dos telejornais…se fosse com o anterior governo o que já ai andava de manifestações e de insultos…reparem tambem na historia dos salarios das entidades reguladoras aprovado pela esquerda….o silencio das tv’s….enquanto os portugas não acordarem para a realidade de que vivemos numa ditadura de esquerda em Portugal isto não sai da cepa…tambem nada de estranho já que a maioria dos portugas são de esquerda..

  2. Em Portugal é assim… Justiça lenta sempre que precisa de ser rápida (por exemplo para exigir pagamento a caloteiros) e apressada quando é necessário tempo para investigar os caciques da máfia política.

  3. Não é novidade nenhuma desde que no governo seja a geringonça era uma questão de tempo vai-se colocando nos locais de poder certos a +pouco e pouco para se poder dar ordens para andar os processos da maneira que interessa a esta cambada que todos pagamos para eles terem a vida que tem

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