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A guerra na Ucrânia pode representar uma oportunidade de ouro para a gigante Boeing renascer

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Boeing

Diversificação da caderneta de fornecedores após a invasão da Crimeia parece ter sido um passo certo por parte da empresa norte-americana que se coloca em superioridade face às suas concorrentes.

Os últimos anos têm sido particularmente fáceis para a gigante Boeing. Depois de dois acidentes dramáticos com o modelo 737 Max que vitimaram 346 pessoas, a empresa norte-americana foi criticada pela “lenta” e “defensiva” gestão da crise, que acabou por motivar a suspensão de atividade de quase 400 aeronaves durante 20 meses após diretivas das autoridades norte-americanas. A fábrica situada no estado da Carolina do Sul também parece ser uma fonte de problemas.

No entanto, a Boeing parece também ter feito algumas escolhas acertadas e a guerra na Ucrânia pode vir a prová-lo.

Tal como descreve o The Conversation, as novas aeronaves dependem fortemente de materiais leves, nomeadamente titânio – o qual tem características determinantes como a alta resistência ao calor, o que o torna ideal para a utilização no corpo do avião, nas partes que mantêm a estrutura unida, nas rodas e no trem de aterragem. No encanto, o titânio é escasso e 16% do seu fornecimento provém da Rússia e da Ucrânia.

Após a crise da Crimeia, em 2014, a Boeing começou a armazenar titânio e a diversificar a sua carteira de clientes respeitante ao abastecimento de metais. Numa declaração oficial publicada a 7 de março, a empresa tratou de tranquilizar todos os que com ela têm negócios, esclarecendo o seu posicionamento em relação a matérias-primas.

“O nosso inventário e diversidade de fontes de titânio proporcionaram um abastecimento suficiente para a produção de aviões, e continuaremos a tomar as medidas certas para assegurar a continuidade a longo prazo.”

A Boeing suspendeu a compra de titânio à Rússia no início de março, apesar de as sanções impostas pelos Estados Unidos à Rússia não cobrirem a compra de metais. O armazenamento de titânio pela empresa não a impede, ainda assim, de continuar a depender da Rússia para questões de fornecimento, citando para tal o cumprimento das sanções da União Europeia.

Como resultado da diversificação de fornecedores, a Boeing depende agora da Rússia para 35% dos materiais que usa na construção das suas aeronaves, ao passo que a Airbus, por exemplo, tem um nível de dependência na ordem dos 50% a 65%. A dependência é ainda maior para os fabricantes mais pequenos, como é o caso da brasileira Embraer, que depende da Rússia a 100%.

A invasão russa à Ucrânia originou quedas nas ações da Airbus cotadas em bolsa, na perspetiva de uma diminuição da procura de aeronaves nos mercados afetados e a perturbações nos acordos de financiamento. Simultaneamente, a Boing teve um desempenho marginalmente melhor. Num cenário de imposição de sanções às importações de metais russos, também se antecipa que a Airbus e outros fabricantes fossem mais afetados, ao passo que para a Boeing a ameaça é menor significativa.

ZAP //

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2 Comments

  1. Onde está “Os últimos anos têm sido particularmente fáceis para a gigante Boeing” deveria existir um não: “Os últimos anos NÃO têm sido particularmente fáceis para a gigante Boeing.”

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