China vai à guerra: impõe tarifas ainda maiores aos EUA e abre investigação à Google

Mark R. Cristino / EPA

Num momento em que o Canadá e o México tentam, com sucesso, travar as tarifas dos EUA, a China adota uma estratégia diferente: não há acordos, é tempo de guerra comercial.

A China anunciou hoje a abertura de uma investigação à Google e impôs novas tarifas sobre uma série de produtos norte-americanos, horas depois de o Presidente Donald Trump ter aplicado uma tarifa de 10% aos produtos chineses.

A China vai investigar o gigante tecnológico norte-americano por alegada violação das leis ‘antitrust’ (práticas de monopólio) chinesas, de acordo com um comunicado da Administração Estatal para a Regulação do Mercado do país.

Pequim anunciou também a aplicação de taxas de 15% sobre o carvão e o gás natural liquefeito (GNL) e de 10% sobre o petróleo e o equipamento agrícola provenientes dos Estados Unidos.

“A imposição unilateral de direitos aduaneiros por parte dos Estados Unidos viola gravemente as regras da Organização Mundial do Comércio”, declarou o Ministério das Finanças chinês num comunicado em que anunciou a imposição das tarifas retaliatórias. A China garantiu no fim de semana que apresentará uma queixa à OMC.

“Não só é inútil para resolver os seus próprios problemas, como também prejudica a cooperação económica e comercial normal entre a China e os Estados Unidos”, acrescentou o Governo chinês.

As medidas da China foram tomadas quase imediatamente após a aplicação das tarifas norte-americanas.

Canadá e México com um mês de “folga”

A decisão de Washington em relação à China contrasta com as situações do México e do Canadá, em que ambas as nações obtiveram um adiamento da imposição de tarifas de 25% por um mês, depois de chegarem a acordos separados com Donald Trump.

No caso do México, o acordo foi anunciado esta segunda feira pela própria presidente do país, Claudia Sheinbaum: um mês sem tarifas em troca do envio de 10 mil militares para a fronteira para tentar combater os cartéis de droga que traficam para os EUA.

Para além disso, os dois países vão até cooperar economicamente, criando dois grupos de trabalho, um sobre segurança e outro sobre comércio.

De acordo com a presidente mexicana, o acordo também incluirá a ação dos EUA para impedir o tráfico de armas de alta potência para o México. Mas a informação foi dada unilateralmente — Trump não mencionou essa parte do acordo.

Já o Canadá, segundo avançou o The New York Times, também conseguiu um mês sem tarifas, em troca de implementar um plano de despesas na fronteira no valor de 1,3 mil milhões de dólares canadianos, ou seja, 870 milhões de euros. Este valor inclui o custo de dois helicópteros Blackhawk extra, 60 drones fabricados nos EUA e outros equipamentos técnicos.

O Canadá também vai enviar cerca de 10 mil militares para a fronteira, e investir nas tentativas de travar os cartéis de droga na fronteira entre os dois países.

Drogas, moedas e tensão crescente

No passado sábado, Trump apelou através de uma ordem executiva ao Partido Comunista da China para que impedisse as organizações criminosas de facilitarem o fluxo de drogas ilícitas para dentro dos Estados Unidos.

A reabertura da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China repercutiu-se no desempenho da moeda chinesa nos mercados ‘offshore’, onde o yuan caiu 0,3% para 7,3340 dólares, na sequência do anúncio da retaliação.

Os serviços de pesquisa e de Internet da Google para os consumidores estão indisponíveis na China desde 2010, embora a empresa mantenha operações no país, principalmente em torno do seu negócio de publicidade.

Os Estados Unidos forneceram cerca de 6% das importações de GNL da China no ano passado, de acordo com os dados de localização de navios.

No fim de semana, o líder da Administração norte-americana ordenou a aplicação de uma taxa geral sobre as importações chinesas, que entrou em vigor a partir da meia-noite de hoje nos Estados Unidos, devido ao que Trump justificou como o fracasso de Pequim em impedir o fluxo de drogas ilegais.

As ordens executivas do novo inquilino da Casa Branca incluíam cláusulas de retaliação que aumentariam os direitos aduaneiros se os países respondessem da mesma forma.

ZAP // Lusa

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