Poderia ser um fenómeno atmosférico raro associado a uma aurora boreal. Mas era combustível proveniente de um foguetão chinês.
Foi um momento que surpreendeu astrónomos, observadores do Espaço, o cidadão comum. Uma enorme faixa clara, visível (muito visível), passou pelo céu em diversos pontos dos EUA.
Aconteceu há poucos dias, a 17 de Maio. E tornou-se rapidamente um “misterioso raio de luz a cortar o céu, à noite”, como descreve o Space.
Poderia ser um STEVE, a sigla inglesa para Strong Thermal Emission Velocity Enhancement, um forte aumento da velocidade de emissão térmica. É um fenómeno atmosférico raro, brilhante,que pode acompanhar as auroras boreais.
Mas os especialistas perceberam logo que não poderia ser isso. As características não estavam todas lá.
Afinal, era… um foguetão chinês.
Cerca de uma hora antes, a empresa chinesa Landscape lançou o seu foguetão Zhuque-2E, a partir de Jiuquan.
Esse foguetão serviu para colocar seis satélites em órbita mas, quando atingiu cerca de 250 quilómetros de altitude, realizou um “despejo de combustível”, de acordo com o astrónomo Jonathan McDowell.
O combustível ejetado congelou numa faixa de cristais que depois refletiu a luz solar de volta para a Terra, aparecendo assim, sob uma enorme faixa branca no céu.
Alguns fotógrafos captaram o momento. Mike Lewinski descreveu: “A aurora ondulava baixa no horizonte norte quando, de repente, um raio de luz brilhante, que fazia lembrar a reentrada de um foguetão, apareceu alto no céu e desceu em direção ao horizonte”.
Derick Wilson, habituado a fotografar auroras boreais, também captou a faixa clara: “A aurora era visível, mas incolor… depois, foi a visão mais brilhante que já vi no céu noturno apareceu no alto!”.
Já o fotógrafo Tyler Schlitt descreveu: “Descobrir que se trata de um lançamento de um foguetão da China é incrível!”.
Foi um caso que fez lembrar a confusão criada pelos foguetões Falcon 9 da SpaceX, que criaram padrões espirais deslumbrantes que rodopiam pelo céu — alguns cidadãos pensavam que era algo sobrenatural.