Investigação mostra que 17 bilionários receberam mais de 3.000 milhões de euros ao longo de quatro anos. São os “beneficiários finais”.
A União Europeia cedeu subsídios agrícolas – bem generosos – ao longo de quatro anos, mais concretamente entre 2018 e 2021. Esse dinheiro extra ajudou…bilionários.
Uma investigação do jornal The Guardian revelou que 17 bilionários beneficiaram de subsídios agrícolas da União Europeia (UE), recebendo, ao longo desses quatro anos, um total de 3.300 milhões de euros através das suas empresas.
Entre os nomes citados estão figuras proeminentes, como o ex-primeiro-ministro checo Andrej Babiš, recentemente absolvido de fraude com subsídios, e empresários como James Dyson, criador da marca de aspiradores Dyson, e Clemens Tönnies, magnata alemão da indústria da carne.
Esses bilionários, listados entre os mais ricos na Forbes, foram identificados através da associação de dados dos beneficiários de subsídios com bases comerciais de empresas, permitindo verificar que detinham, pelo menos, 25% de participação em empresas ao longo das cadeias de propriedade.
A Política Agrícola Comum (PAC), que representa um terço do orçamento da UE, distribui subsídios baseados na área dos proprietários, sem considerar a necessidade económica.
Isso provoca uma concentração de apoios nos maiores proprietários de terras, deixando pequenos e médios agricultores em dificuldades para competir.
A ausência de transparência nas concessões de subsídios dificulta o escrutínio público, como indicou um relatório do Centro para Estudos da Política Europeia (CEPS), encomendado pelo Parlamento Europeu.
A desigualdade na distribuição dos apoios da PAC tem suscitado críticas de diversos setores.
Paul Behrens, investigador da Universidade de Leiden, destacou que os proprietários de terras mais ricos continuam a beneficiar desproporcionalmente destes fundos públicos, ampliando a disparidade económica.
“A desigualdade no PAC é extrema e este trabalho destaca novamente o quanto os proprietários de terras mais ricos continuam a ficar mais ricos com os subsídios”, criticou Paul Behrens.