O 11 de Setembro de Israel foi há um ano

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Mohammed Saber / EPA

Bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza após o ataque do Hamas

Há precisamente um ano, comandos do Hamas infiltrados a partir de Gaza penetraram no sul de Israel, mataram 1139 israelitas em ‘kibutzs’ e no local do festival Nova, e fizeram 251 reféns. O ataque deu origem a um conflito que causou até agora  42 mil mortos — e que ameaça alastrar a toda a região.

Israel deu hoje início às cerimónias do primeiro aniversário do ataque do Hamas, a 7 de outubro de 2023, o dia mais mortífero da história do país — e que desencadeou a atual guerra em Gaza.

Em Reim, no local do massacre no festival de música Nova, onde morreram mais de 370 pessoas, uma multidão de luto deu início às cerimónias com um minuto de silêncio, precisamente às 06:29, hora em que o movimento islamita palestiniano lançou o ataque sem precedentes no sul de Israel .

O Presidente israelita, Isaac Herzog, presente no local, reuniu-se com as famílias das vítimas.

A cerimónia de Reim é a primeira de uma série de eventos que terão lugar ao longo do dia, enquanto o país continua em guerra em Gaza, e agora também no Líbano, onde o exército israelita lançou uma ofensiva terrestre contra o movimento fundamentalista xiita libanês Hezbollah.

Há um ano, comandos do Hamas infiltrados a partir de Gaza penetraram no sul de Israel, utilizando explosivos e ‘bulldozers’ para atravessar a barreira que rodeia o território palestiniano, matando indiscriminadamente em ‘kibutzs’, bases militares e no local do festival Nova.

O ataque do Hamas, que apanhou Israel de surpresa, fez 1.205 mortos, na maioria civis, de acordo com uma contagem da agência de notícias AFP baseada nos números oficiais israelitas, incluindo os reféns que morreram em cativeiro.

Nas horas que se seguiram ao ataque, considerado o “11 de setembro de Israel“, o exército israelita lançou uma poderosa ofensiva contra o território palestiniano para destruir o Hamas, no poder na Faixa de Gaza desde 2007.

As represálias militares na Faixa de Gaza mataram pelo menos 41.825 pessoas, na maioria civis, indicam dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, que a ONU considera fiáveis.

Momentos-chave do conflito

Na madrugada do dia 7 de outubro de 2023, cerca de um milhar de combatentes do Hamas infiltraram-se em Israel e realizaram massacres em cidades fronteiriças e num festival de música.

O ataque causou na altura a morte de 1.139 pessoas do lado israelita, na sua maioria civis, segundo números oficiais israelitas. O Hamas fez 251 reféns, que foram levados para a Faixa de Gaza, onde 97 continuam detidos, 33 dos quais mortos, segundo o exército.

Benjamin Netanyahu prometeu aniquilar o Hamas, classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por Israel.

Horas depois do início do ataque do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e quando ainda era desconhecida a extensão dos danos, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel estava “em guerra” com o Hamas.

“Cidadãos de Israel, estamos em guerra. Não numa operação, não são rondas de combates, é uma guerra. Estamos em guerra e vamos vencê-la”, disse, num vídeo difundido nas suas redes sociais.

No mesmo dia, Israel iniciou ataques aéreos contra a Faixa de Gaza, que causaram cerca de 230 mortos, enquanto as milícias palestinianas lançaram mais de 3.000 foguetes.

Centenas de membros das milícias de Gaza e as forças israelitas prosseguiram lutas em mais de 20 pontos do território de Israel.

A 27 de outubro, as Forças de Defesa israelitas anunciaram uma ampliação das operações terrestres na Faixa de Gaza , em paralelo com o bombardeamento do enclave. Em resposta, o Hamas apelou, através de um comunicado, a uma “ação imediata”, a nível internacional, para acabar com os ataques israelitas em Gaza.

Benjamin Netanyahu alertou que a guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza seria “longa e difícil“, mas proclamou que o exército “destruirá o inimigo na terra e no subsolo”.

Em 24 de novembro, teve início uma trégua de uma semana entre Israel e o Hamas. O acordo permitiu a libertação de 80 reféns israelitas ou com dupla nacionalidade, em troca da libertação de 240 prisioneiros palestinianos detidos por Israel.

Foram igualmente libertados 25 estrangeiros ou pessoas com dupla nacionalidade, principalmente trabalhadores agrícolas tailandeses.

As hostilidades recomeçaram a 1 de dezembro, e, quatro dias depois, o exército israelita enviou tanques para o sul da Faixa de Gaza, em 4 de dezembro, onde intensificou os ataques aéreos e os combates terrestres.

Em 29 de fevereiro, 120 pessoas foram mortas por fogo israelita, segundo o Hamas, durante uma distribuição de ajuda humanitária na cidade de Gaza. Israel afirmou que o comboio tinha sido invadido por uma multidão esfomeada e que os soldados tinham “disparado com precisão sobre vários suspeitos”.

Apesar de a quase totalidade da população de Gaza (cerca de 2,2 milhões de pessoas) depender de ajuda humanitária, a ONU, a Cruz Vermelha e outras organizações internacionais têm reclamado que Israel dificulta a entrada de camiões com alimentos e medicamentos.

Os receios de um alargamento do conflito aumentaram a 13 de abril, quando o Irão lançou um ataque sem precedentes com ‘drones’ e mísseis contra o território israelita, em represália por um ataque contra o consulado iraniano em Damasco, a 1 de abril, atribuído a Israel.

Pelo menos 14 pessoas foram mortas neste ataque na capital síria, incluindo “dois veteranos comandantes de guerra e conselheiros militares de alto nível na Síria”.

Em 19 de abril, foram ouvidas explosões no centro do Irão. Teerão minimizou a notícia sem acusar diretamente Israel, que não reivindicou a responsabilidade.

A partir de 7 de maio, o exército israelita levou a cabo o que descreveu como incursões “direcionadas” na zona leste de Rafah, após semanas de expectativa e inúmeros apelos da comunidade internacional contra essa operação.

Israel assumiu então o controlo do posto fronteiriço com o Egito, vedando uma passagem crucial para a ajuda humanitária.

Na noite de 26 para 27 de maio, um ataque israelita provocou um incêndio num campo de deslocados em Rafah, que causou a morte de pelo menos 45 pessoas, segundo as autoridades de Gaza. O exército declarou ter atingido dois oficiais do Hamas.

Em julho, o exército israelita atacou cinco escolas que albergavam pessoas deslocadas durante um período de oito dias, matando várias dezenas de pessoas, segundo fontes em Gaza, incluindo o Hamas. Outras operações em 22 de julho mataram 70 pessoas, segundo o Hamas.

Em 19 de julho, os rebeldes Huthis do Iémen reivindicaram a responsabilidade por um ataque com ‘drones’ a Telavive, que matou uma pessoa. No dia seguinte, Israel bombardeou o porto estratégico de Hodeida, no Iémen, provocando um incêndio e matando seis pessoas, segundo os rebeldes.

Em 27 de julho, um ataque com ‘rockets’ matou 12 jovens em Majdal Shams, uma cidade drusa nos Montes Golã sírios, em grande parte anexados por Israel. Acusado por Israel, o Hezbollah negou a responsabilidade.

Em 31 de julho, o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, foi morto em Teerão. O ataque foi atribuído a Israel, que não comentou.

Em setembro, após 11 meses de trocas diárias de disparos entre tropas israelitas e o Hezbollah na fronteira israelo-libanesa, o conflito escalou, com Israel a atingir o grupo apoiado pelo Irão com uma série de ataques devastadores que desferiram um rude golpe na sua estrutura militar e expuseram falhas profundas dos serviços secretos.

Entre 17 e 18 de setembro, explosivos escondidos nos ‘pagers’ e ‘walkie-talkies’ do grupo mataram dezenas de pessoas e feriram milhares no Líbano, muitos dos quais membros do Hezbollah.

Israel iniciou depois uma campanha de ataques, principalmente no sul e leste do Líbano, sobre áreas residenciais onde o grupo tem uma forte presença, matando centenas e deslocando dezenas de milhares de pessoas.

Em 28 de setembro, Israel anunciou a morte de Hassan Nasrallah, que liderou o Hezbollah durante 32 anos, e que foi sucedido, de forma interina, pelo vice-líder, Naim Kassem. Após dias de expectativa sobre qual seria a reação do Irão, Teerão lançou, na noite de 1 de outubro, cerca de 200 mísseis contra Israel.

O mundo aguarda agora a resposta de Telavive ao ataque de Teerão, que, por seu lado, promete retaliar se for alvo de um ataque, aumentando assim os receios de uma propagação do conflito.

Segundo o Ministério da Saúde do governo controlado pelo Hamas, pelo menos 41.822 pessoas morreram e 96.844 ficaram feridas na sequência dos ataques israelitas na Faixa de Gaza, até esta sexta-feira.

As autoridades de Gaza não distinguem entre mortos civis e militantes, mas cerca de 11 mil crianças e 6 mil mulheres terão morrido. Há ainda mais de 10 mil desaparecidos.

Do lado israelita, as autoridades dão conta de mais de 1.200 mortos e 5.400 feridos em Israel. Em Gaza, 346 militares israelitas morreram e 2.297 ficaram feridos.

ZAP //

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2 Comments

  1. Estou convencido que os milhares de palestinianos mortos em Gaza não eram todos (nem a maioria) militantes do Hamas. Mas também estou convencido que o ódio dos palestinianos aos judeus cresceu e no futuro, em vez da erradicação do terrorismo árabe contra Israel (que Bibi diz pretender) vamos assistir ao seu aumento. Quem com espada mata, com espada morre.

    • De forma oficial do Hamas nenhum militar foi morto, ferido ou se rendeu…. Dos números do IDF o rácio de civis para lutadores está nos 2 para 1…. O mais baixo da historia. Para termos noção os rácio de civis da guerra do Iraque foi 4 para 1 soldado. Colónia Palestina do mandado britânico foi divido em dois Países Jordânia 80% do território e Israel 20% e como a coisa não ficou assim depois dos britânicos saírem todos declararam guerra ao Israel e Israel deu a península Sinai a Egpito e egipto recusou receber os terroristas e a Jordânia recusou mais tarde…. Mais de 1600 anos que andam aterrorizar os que vivem no Israel….

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