Movimento islamita pede desculpa pelo sofrimento causado pela guerra com Israel, mas reiterou a vontade de prosseguir o conflito.
O movimento islamita palestiniano Hamas pediu pela primeira vez desculpa à população de Gaza pelo sofrimento causado pela guerra com Israel, numa longa declaração publicada na plataforma Telegram, no domingo à noite.
O Hamas “pede desculpa” pelas dificuldades causadas pela guerra contra o exército israelita, iniciada há quase seis meses, de acordo com a mensagem, na qual também reiterou a vontade de prosseguir o conflito que, garantiu, deve conduzir à “vitória e à liberdade” dos palestinianos.
Na “mensagem de agradecimento ao povo” da Faixa de Gaza, o Hamas reconheceu “o cansaço” da população.
O movimento insistiu nas medidas que disse ter tentado pôr em prática para atenuar as dificuldades, nomeadamente as tentativas de “controlar os preços”, “tendo em conta a agressão em curso”.
O Hamas afirmou também que está a falar com “todas as componentes” da sociedade de Gaza, mencionando outros movimentos armados, “comités populares e famílias”, para “resolver os problemas causados pela ocupação”.
As necessidades humanitárias são imensas no território, já afetado antes da guerra por um bloqueio israelita imposto desde 2006, pela pobreza e pelo desemprego. A ajuda está a chegar, e a maior parte da população foi deslocada para a parte mais a sul, em torno de Rafah, perto da fronteira egípcia fechada.
Esta cidade, que tinha menos de 300 mil habitantes antes da guerra, conta atualmente com mais de um milhão, segundo as estimativas da ONU.
Nos últimos meses, várias figuras do Hamas, como Khaled Mechaal, antigo chefe do gabinete político do movimento, afirmaram ser “necessários sacrifícios” para “a libertação” dos palestinianos.
Desnutrição aguda
Uma em cada três crianças com menos de 2 anos (31%) que vivem no norte de Gaza já sofre de desnutrição aguda, alertou, em meados de março, a UNICEF – Agência das Nações Unidas para a Infância.
O norte de Gaza continua a ser o lar de dezenas de milhares de palestinianos que consideraram completamente impossível abandonar as suas casas para escapar aos bombardeamentos e à incursão terrestre do exército israelita.
Um rastreio nutricional realizado pela UNICEF revelou que a prevalência da desnutrição aguda entre crianças menores de 5 anos de idade no norte aumentou de 13% para 25%, de acordo com o estudo.
Além disso, exames realizados pela primeira vez em Khan Yunis, no centro-sul da Faixa e um dos grandes epicentros dos combates, revelaram que 28% das crianças com menos de 2 anos sofrem de desnutrição na fase aguda, dos quais mais de 10% apresentam emaciação [emagrecimento] grave – a forma mais perigosa de desnutrição, que expõe as crianças “a um risco aumentado de complicações médicas e morte, a menos que recebam alimentação e tratamento terapêutico com urgência, o que não possuem agora”.
As agências da ONU têm alertado para o risco de fome na Faixa de Gaza desde dezembro e em janeiro ultrapassou os limites de emergência para a desnutrição infantil aguda.
ZAP // Lusa
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