Uma relação tóxica ou abusiva pode ter impacto no seu dia a dia, na sua saúde e no seu trabalho, condicionando várias áreas da sua vida e deixando cicatrizes na sua auto-estima. Saiba reconhecer os indicadores de que a sua relação não está assim tão saudável.
De acordo com o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), em 2022, houve 30488 participações do crime de violência doméstica, o que significa um aumento de 15% face ao ano anterior.
Um maior número de denúncias não representa, por si, um crescimento do fenómeno, mas sim que existe uma maior sensibilização por parte das pessoas que são vítimas para a importância de denunciarem. Ainda assim, o número fica aquém da realidade.
São várias as razões pelas quais as pessoas não denunciam as suas parcerias, entre elas, o medo, a retaliação, achar que não vão acreditar nelas, descrença no sistema judicial, desvalorização da situação, mas também, dificuldade em identificar os sinais de que a pessoa está numa relação abusiva, principalmente quando essa violência não é física.
Há vários indicadores que pode aferir para perceber se está numa relação abusiva.
Em primeiro lugar, deve perceber se a sua relação é muito intensa, tanto para o bom, como o para o mau. “Quando é bom, é muito bom, mas quando é mau, também é muito mau” é uma das frases que os indivíduos com este tipo de relacionamento proferem muitas vezes.
Esta amplitude extremada pode ser um indicador de violência, em que as discussões escalam atingindo níveis de agressividade, porém, quando o casal está bem, pode existir um tom exageradamente amoroso, com gestos excessivos de afeto.
Outro indicador importante passa pela sua gestão emocional. Se, na maioria do tempo, as suas emoções caracterizam-se pela solidão, isolamento, negligência, tensão, stress, medo ou ansiedade e o facto de não conseguir descansar na relação, estando em constante hipervigilância, porque não sabe quando a outra pessoa vai reagir, podem indicar que a sua relação é abusiva.
As relações devem ser suficientemente estáveis e seguras para que não se sinta frequentemente em sobressalto.
Se deixou de se priorizar, de cuidar de si e tem medo de sair de casa com determinada roupa, porque a sua parceria não vai gostar, ou seja, se se negligencia e começa a ver estes sinais como marcas, cicatrizes, na sua autoestima, tenha atenção, pois estes são igualmente indicadores relevantes para perceber se está numa relação abusiva.
Caso tenha começado a intensificar os seus vícios, ou passou a tê-los, por exemplo, se fuma e consome mais bebidas alcoólicas, estas podem ser estratégias, pouco ajustadas, para gerir as emoções difíceis de sentir por se encontrar numa relação abusiva.
Isola-se, tanto da sua rede de amizades, como da sua família? Quando quer estar com as “suas pessoas”, esse é um motivo de discussão, ou, pelo contrário, a sua parceria tem um gesto, às vezes até surpreendente, planeando passar esse tempo consigo em detrimento dos seus planos iniciais?
Esta pode ser uma forma de manipulação para ir-se isolando aos poucos e, quando der por si, pode não ter pessoas a quem recorrer.
Se todas estas situações começam a ter impacto no seu dia a dia, na sua saúde e no seu trabalho, condicionando várias áreas da sua vida e, principalmente, se perde a noção do seu próprio valor, pode estar perante uma grande toxicidade no seu relacionamento.
Note que em todas as relações há discussões. A diferença é que as discussões nas relações saudáveis são feitas com curiosidade, respeito e empatia.
Se é o seu caso e crê que está numa relação de violência, não hesite em pedir ajuda a quem é mais próximo de si, a instituições sociais especializadas nestas situações, como a APAV, ou ao seu terapeuta.
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