Agora, troca de literatura entre IL e CDU. A tendência dos primeiros dias não se prolongou até à campanha eleitoral.
As eleições europeias, marcadas para o próximo domingo (9 de Junho), começaram há pouco mais de um mês em regime de pré-campanha.
Nesses primeiros dias, e sobretudo nos debates televisivos a quatro, algo positivo destacou-se: num caminho para eleições europeias, os candidatos estavam de facto a falar sobre a Europa, sobre assuntos europeus.
Até que o panorama mudou, quer no debate entre os oito candidatos, quer (e sobretudo) nesta última semana, a primeira de campanha oficial.
Os líderes dos partidos começaram a aparecer ao lado dos cabeças-de-lista (o Livre foi a excepção até sábado), as trocas de acusações internas multiplicaram-se. É a “lição” disto, o “desafio” daquilo… Muitas vezes sobre assuntos internos.
Passou a ser uma campanha “nacionalizada”, já a prever leituras nacionais dos resultados das europeias, como descreveu Eunice Lourenço na rádio Observador.
A comentadora viu uma maior disputa entre os dois maiores partidos, com PS e PSD “a falarem ainda mais um para o outro – quando a AD deveria estar a falar mais para a sua direita”, avisa.
Basta olhar para alguns exemplos que se verificaram neste sábado.
Pedro Nuno Santos esteve num comício do PS para as europeias, mas fez uma pergunta ao Governo português sobre um assunto que nada tem a ver com as europeias: quer saber se alguma empresa privada na área da consultoria esteve envolvida na elaboração do plano de emergência para a saúde. E disse que o Governo português deve ser avaliado pela qualidade das suas medidas, não pela velocidade.
Sebastião Bugalho (AD) disse que está à espera de um “pedido de desculpas” do PS por causa dos alegados 6 mil migrantes vítimas de tráfico humano nas fronteiras portuguesas.
Mas não é só entre os dois maiores partidos que os assuntos se vão desviando para contextos fora da Europa.
Rui Tavares, aí questionado pelos jornalistas, falou sobre a aparente divergência com o cabeça-de-lista do Livre, Francisco Paupério, assegurando que há união interna. Mas aproveitou para atirar na direcção da AD: “Quem deve ter algum problema é, por exemplo, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, que algumas vezes tem dúvidas se o seu cabeça de lista não sabe de cor o programa da AD ou se diz algum disparate sobre a Europa”.
Pedro Fidalgo Marques (PAN) pediu a Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que acabe com a “tortura” das touradas no Campo Pequeno.
Também neste sábado, João Cotrim de Figueiredo foi comprar livros. O cabeça-de-lista da IL esteve na Feira do Livro de Lisboa e comprou o livro A Economia numa Lição para Sebastião Bugalho e Enciclopédia da União Europeia para Marta Temido.
Também comprou um livro para Chega e PCP: A Conspiração do Kremlin. “Conspiração é uma coisa que parece que assiste a Tânger-Corrêa (Chega). Para o PCP, tenho um livro que é exactamente o mesmo, porque eu acho que o Chega e o PCP têm tanta coisa em comum, não admira que alguns dos eleitores se troquem”.
João Oliveira (PCP) não gostou dessa sugestão e devolveu: “A IL é um partido que tem muitos esqueletos no armário. Para quem tenta sacudir a responsabilidade que tem às costas, convenhamos que nem é uma sugestão muito criativa”.
“Para quem está comprometido na Holanda com um Governo de extrema-direita que acabou de apoiar, convenhamos que é uma forma pouco criativa de sacudir as suas convergências com as forças de extrema-direita, nessas concepções reacionárias que vão infernizando a vida aos povos em toda a Europa”.
“Esse tipo de acusações e de ‘guerras de alecrim e manjerona’, de quem tenta livrar-se do seu próprio cadastro, não é matéria em que nós nos comprometemos”, assegurou o candidato comunista.
Continuando no contexto literário, João Oliveira também deixou uma sugestão de leitura a João Cotrim de Figueiredo: Aventuras de João Sem Medo.
Porque está a esquerda a candidatar se para a Europa quando são CONTRA A EUROPA?? Tacho….
Tens toda a razão… hipocrisia.