Juiz recusa ouvir inspetores que investigaram caso do Meco

Nosleeper / Flickr

-

O juiz do Tribunal de Setúbal que tem em mãos a fase instrutória da tragédia do Meco recusou nesta terça-feira, pela segunda vez, ouvir os inspectores que investigaram o caso, conforme queriam as famílias das vítimas.

De acordo com Vítor Parente Ribeiro, advogado das famílias dos seis jovens que morreram na praia do Meco , o juiz Nelson Escórcio “disse que não era relevante nesta fase do processo “.

Em causa estão as alegações de que agentes da Polícia Judiciária teriam passado informações sobre as investigações a pessoas ligadas ao processo, nomeadamente a mãe de uma das vítimas que não move uma ação contra o ex-dux João Gouveia.

O advogado das vítimas, no entanto, garantiu que o processo judicial vai continuar, mesmo que o caso não vá para julgamento.

“Ainda podemos recorrer ao Tribunal dos Direito do Homem, ao Tribunal da Relação ou pedir a responsabilidade civil”, disse Vítor Parente Ribeiro, reafirmando a ideia de que a investigação do caso terá sido mal conduzida desde o início.

Vítor Parente Ribeiro falava aos jornalistas à chegada ao Palácio da Justiça de Setúbal, onde prossegue hoje de manhã a fase de instrução do processo com a audição de uma perita do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

Tal como os familiares dos jovens que morreram a 15 de dezembro de 2013 na praia do Meco, também o advogado Vítor Parente Ribeiro manifestou desagrado com alegadas “fugas de informação” por parte da Polícia Judiciária num processo que, sublinhou, tinha nível de confidencialidade quatro, um dos mais elevados no que diz respeito ao segredo de justiça.

Desiludidos, os familiares dos seis jovens também lamentaram à chegada ao tribunal que o juiz de instrução tivesse recusado a inquirição dos médicos do INEM e do Hospital Garcia de Orta que assistiram o único sobrevivente e arguido no processo, João Gouveia depois da tragédia na praia do Meco, em que morreram seis jovens alunos da Universidade Lusófona de Lisboa.

Para José Campos, pai de uma das vítimas, Tiago Campos, o depoimento do perito do Instituto de Medicina Legal na fase de instrução veio confirmar que João Gouveia nunca terá estado dentro de água, o que corrobora a convicção das famílias de que os seis jovens morreram na sequência de uma praxe na praia do Meco.

Meteorologista ouvida em tribunal no caso do Meco

A instrução do processo ligado à morte de seis jovens na praia do Meco, em dezembro de 2013, prossegue esta terça-feira, no Tribunal de Instrução Criminal de Setúbal, com a inquirição da perita do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

Na última sessão, a 6 de fevereiro, foi ouvido um perito do Instituto de Medicina Legal e duas peritas do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), uma das quais continuará hoje a depor.

A procuradora do Ministério Público pediu a presença no tribunal criminal das duas peritas do IPMA, que analisaram o vestuário de João Gouveia, único sobrevivente da tragédia e que foi constituído arguido na fase de instrução do caso.

Segundo Vítor Parente Ribeiro, advogado das famílias das vítimas, a procuradora do MP solicitou também informações adicionais por escrito à operadora Vodafone, para tentar esclarecer questões relacionadas com o acionamento de algumas antenas de telemóveis durante a noite em que ocorreu a tragédia com os jovens universitários na praia do Meco, concelho de Sesimbra, distrito de Setúbal.

No início da instrução e na qualidade de arguido, João Gouveia prescindiu de prestar declarações em tribunal.

“Durante o inquérito, João Miguel Gouveia falou durante várias sessões, todas elas durante mais de 10 horas”, justificou então a sua advogada de defesa, Paula Brum, assegurando que o inquérito seguiu todas as pistas de investigação e que o arguido não tem nada a acrescentar sobre o processo. Acrescentou que o despacho de arquivamento do inquérito refere “a total inexistência de indícios da prática de qualquer crime”.

Vitor Parente Ribeiro acredita, no entanto, que a fase de instrução poderá esclarecer algumas questões e, eventualmente, abrir caminho à realização de julgamento.

A morte dos seis jovens da Universidade Lusófona na praia do Meco, em dezembro de 2013, motivou uma discussão pública sobre a Praxe académica, devido a indícios de que os estudantes estariam em algum tipo de ritual na noite de mar agitado.

/Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.