As vendas de carros de luxo na Coreia do Sul diminuíram significativamente no início deste ano. A quebra parece ter a ver com a entrada em vigor de uma nova lei, que obriga as empresas a usar matrículas verde alface nos carros importados com valor superior a 80 milhões de won (quase de 60 mil euros).
O mercado automóvel sul-coreano assistiu nos dois primeiros meses de 2024 a uma queda a pique das vendas de carros importados de marcas de luxo, como Mercedes, Porsche e Bentley.
A quebra coincide com a entrada em vigor de uma lei do governo de Seul que obriga as empresas a usar matrículas de cor verde limão nos veículos avaliados em mais de 80 milhões de won, cerca de 55.800 euros.
A medida, que tem como objetivo distinguir facilmente os veículos de propriedade empresarial dos de propriedade privada, resultou, em janeiro, numa queda de 19,4% nas vendas de veículos importados, para 13.083 unidades, o valor mensal mais baixo desde 2013.
A iniciativa do governo coreano visa combater o abuso dos benefícios fiscais praticados pelas empresas, que usufruem de deduções fiscais sobre o valor dos veículos empresariais adquiridos até 8 milhões de won (5.500 euros) por ano, sem limite do valor total dedutível.
Esta lacuna na legislação, explica o jornal sul-coreano Korea Herald, permitia que o custo total de compra de carros de luxo pudesse ser registado como despesas corporativas, inflacionando as vendas de carros de luxo e importados durante anos.
Com a entrada em vigor da medida, as compras corporativas de carros importados diminuíram significativamente — em particular as de marcas ultra-luxuosas como a Bentley, que registou uma diminuição de 82% nas vendas.
Também o Maybach, modelo de topo da Mercedes-Benz, teve uma queda drástica para apenas 55 unidades em janeiro, de uma média mensal de 216 unidades no ano passado.
Apesar do impacto aparente da nova regulamentação, os representantes das marcas de carros de luxo consideram que pode ser precipitado atribuir a queda das vendas exclusivamente a este fator.
Segundo estes representantes, outros desafios, como a crise de transportes causada pelos ataques dos rebeldes Houthi, que nos últimos meses bloquearam as rotas comercias no Mar Vermelho, e os tempos de entrega prolongados para novos modelos, podem também ter um papel significativo no declínio das vendas.
Em Portugal, a tendência nos últimos anos tem sido a de fazer desaparecer as “marcas discriminatórias” nos veículos em circulação.
Alguns leitores do ZAP lembrar-se-ão ainda do tempo em que os condutores com pouco tempo de carta tinham que usar um “ovo estrelado” com o 90, o limite de velocidade a que estavam obrigados — obrigação que deixou de estar presente no Código da Estrada.
Além disso, no fim dos anos 1990, também os carros importados eram por obrigação legal matriculados em Portugal com a letra K — uma obrigatoriedade que deixou entretanto de existir.
Mais recentemente, em janeiro de 2020, as matrículas portuguesas deixaram de ter que incluir a indicação do ano de matrícula, que constava numa área amarela com o mês e ano da primeira matrícula do veículo.
Em contrapartida, os veículos movidos a Gás de Petróleo Liquefeito são ainda obrigados a exibir uma placa “GPL” — uma medida que visa garantir a segurança, do condutor do veículo e dos restantes utentes da via, e facilitar a identificação por parte dos serviços de emergência em caso de acidente.
Também os veículos das plataformas de ridesharing como a Uber são obrigados a usar uma placa identificativa com a sigla TVDE — cujo significado paradoxal é “transporte em veículo descaracterizado a partir de plataforma eletrónica”.
Mas em Portugal, para já, os Teslas, Mercedes e Porsches comprados em nome da empresa continuam a circular sem nada que os distinga dos veículos particulares — pelo menos até que o governo decida… importar a ideia.