Aviso do presidente do Conselho Geral da Associação Empresarial de Portugal. E deveria haver mais engenheiros no Governo.
O Partido Socialista liderou um Governo entre 2015 e 2019 com o apoio de CDU e Bloco de Esquerda.
Foram quatro anos que tiraram às empresas portuguesas “capacidade concorrencial a nível internacional”.
A análise é de José Manuel Fernandes, presidente do Conselho Geral da Associação Empresarial de Portugal.
“Tomaram-se medidas não balanceadas, não equilibradas no fator economia, no factor empresa e na parte da coesão social. Penderam só para um lado e perdemos alguma competitividade nessa altura”.
“Precisávamos de medidas de resposta da economia à nossa concorrência internacional e, por motivos de coesão social, retiraram-nos capacidade concorrencial a nível internacional, por legislação proveniente da geringonça. Quando ela devia ter sido equilibrada no sentido de encontrar soluções de equilíbrio que seriam com resultados a contento de ambas as partes”, analisou em entrevista ao ECO.
Por isso, defende que, para os empresários, não é ideal Pedro Nuno Santos liderar uma nova versão da denominada geringonça.
“Se, porventura, o país vier a encaminhar para uma geringonça de esquerda, posso dizer-lhe que isso vai gerar uma instabilidade muito forte na economia. Não tenho dúvida nenhuma. A experiência anterior, para nós, empresários, foi negativa. Completamente”, afirmou o famoso empresário.
Para já, a nível empresarial o problema principal – como seria de esperar – é a “expectativa”, não saber o que vai acontecer em Março.
E mesmo depois das eleições: “O que nos deixa apreensivos é a forma como o país está dividido e não haver uma visão de solução fácil para aquilo que vem aí”.
Ter um Governo com maioria absoluta era um “factor de estabilidade. Com políticas boas ou más, mas havia uma estabilidade e um horizonte projectado, que agora foi parado”.
“Estamos com a percepção de que as coisas não vão ser fáceis“, avisou José Manuel Fernandes.
Mesmo agora, a situação é complicada: “De certa forma estamos a viver uma crise de regime que tem de ser ultrapassada. Mas estamos a viver uma crise que poderíamos ter evitado. Portanto, acho que cada um tem de assumir as suas responsabilidades”.
E fica a repetição: “Agora, a nossa visão, que traduz o sentimento geral, é que os empresários não querem uma nova geringonça de esquerda. De maneira nenhuma. Isso vai afectar a atitude investidora dos nossos empresários”.
A geringonça ficou mais próxima porque Pedro Nuno Santos venceu as eleições no PS – embora seja preciso contar votos em Março.
Questionado sobre esse “risco” de geringonça em Março, José Manuel Fernandes respondeu: “O recado está dado. Venham bater-me, que não me importo“.
O empresário queria ainda ver mais engenheiros no Governo: “O país precisa de políticos com mais conhecimento técnico e mais conhecimento empresarial”.
Estamos a viver um momento crucial. Ou o país se afasta da garotada, da ladroeira e da incompetência, ou ressurge numa dinâmica impulsionadora de maior progresso e bem-estar do seu “espremido” povo.