O governo italiano aprovou, esta sexta-feira, uma lei que proíbe produção, venda e importação de alimentos produzidos em laboratório. O objetivo é preservar o património agroalimentar do país.
A Itália antecipou-se e pôs fim – ainda antes do seu início – aos alimentos ou rações feitas a partir de culturas de células ou tecidos derivados de animais vertebrados.
A carne feita em laboratório, por exemplo, ainda não foi aprovada no espaço da União Europeia (UE), mas Itália já a proibiu.
O objetivo desta lei, diz o governo de Giorgia Meloni é preservar o património agroalimentar do país e proteger o trabalho dos agricultores.
“Itália é o primeiro país a salvo dos riscos sociais e económicos associados à comida sintética”, disse esta sexta-feira, o ministro da Agricultura italiano, que referiu que “os cidadãos têm o direito de comer bem“.
De momento, a produção de carne produzida em laboratório só é permitida nos Estados Unidos e em Singapura. Contudo, se, futuramente, a prática também for aprovada na UE, Itália pode vir a ser obrigada a reverter esta lei polémica.
Estão estipula consequências para as empresa que incumprirem, com multas que podem chegar aos 60 mil euros. Além disso, as fábricas poderão ser fechadas e os produtores perder o direito de obter financiamento público, nos três anos seguintes.
“Lei anticientífica”
Esta “guerra alimentar” tem vindo a ser alimentada pelo governo italiano, desde há meses.
Meloni quer evitar que os alimentos sejam sujeitos a inovações entendidas como prejudiciais, considerando que os produtos de laboratório não garantem qualidade, bem-estar e proteção da cultura e tradição.
Por outro lado, as organizações que apoiam a produção de alimentos a partir de células animais insurgem-se contra a lei, acusando-a de ser uma campanha ideológica e anticientífica, que vai contra o progresso.
Também os grupos de defesa dos direitos dos animais demonstraram desagrado, defendendo que o método é uma boa alternativa à criação e abate intensivos dos animais.
Em abril, a Celullar Agriculture Europe, rede de empresas de alimentos, acusou a Itália de limitar as escolhas alimentares, referindo que não está a ter em conta os consumidores preocupados com o bem-estar animal e impactos ambientais.