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Reino do Pineal queria ficar com a Ilha do Pico

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Antigos membros do Reino do Pineal que abandonaram a seita descrevem o culto a um líder “megalómano e manipulador”. Os planos de Agua Akbal Pinheiro passavam por “ficar com a ilha do Pico”, nos Açores.

Segundo uma neerlandesa que viveu durante alguns meses no chamado Reino do Pineal, em Oliveira do Hospital, o líder da seita, Agua Pinheiro, pretendia “ficar com a ilha do Pico“, no arquipélago dos Açores.

“Ele chegou a dizer que queria ficar com a ilha do Pico. Queria ter 15 mil pessoas para ir para a ilha do Pico e ter mais do que a população que lá vive”, relata Vivien Galjart, que em 2020 deixou o seu país para se juntar à seita, em entrevista ao JN.

A neerlandesa, que chegou a conhecer o bebé de 14 meses que morreu em abril de 2022 sem nunca ter sido registado e sem ter recebido cuidados médicos fora da comunidade, denuncia o caráter “megalómano e manipulador” do líder do culto.

“Ele achava que a comunidade era muito pequena, queria uma coisa maior. Era uma estrela do YouTube e queria crescer”, diz Galjart.  “Quando começou a falar em soberania e escreveu um manifesto, disse-lhe que aquilo não fazia sentido nenhum. Tivemos grandes discussões”.

Reino do Pineal” é o nome assumido por uma comunidade de mais de 40 pessoas que se instalou em Seixo da Beira, Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra, numa quinta de 4,7 hectares, e que tem como objetivo assumido constituir-se como um “estado soberano” dentro de Portugal.

A seita tem mesmo um passaporte próprio — “um documento oficial para ajudar a identificar e distinguir os membros depositários, segurados e vivendo em confiança sob e dentro das apólices do Reino”.

É liderada pelo britânico Martim Junior Kenny, um ex-cozinheiro que assumiu a identidade de Água Akbal Pinheiro depois de ter tido “uma experiência espiritual profunda”, como explica no site oficial da seita.

Água é apresentado como o “Ministro Chefe” e “Presidente Eleito” da comunidade, e ainda como “um filósofo espiritual, investigador esotérico e influenciador social”.

O líder do grupo nasceu no Zimbabué, mas emigrou para o Reino Unido aos 20 anos de idade, “onde estudou e seguiu uma carreira como chefe de cozinha”, conta-se também no site.

Em 2021, a seita publicou no YouTube um vídeo que explica quais são os planos dos responsáveis do “Reino de Pineal” em Portugal. Nas imagens, apresentam-se os planos de expansão da comunidade, bem como os valores do investimento envolvido.

No início deste mês, a Polícia Judiciária realizou uma megaoperação de busca na propriedade da seita, por suspeitas de diversas atividades ilícitas.

A investigação da PJ surge após suspeitas da morte da criança por falta de cuidados médicos, cujo corpo se acredita ter sido cremado e as cinzas lançadas ao rio Mondego.

“Era uma doença do fígado, mas não posso revelar mais até que haja uma investigação oficial, caso seja necessário haver uma”, diz Água Pinheiro, frisando que se trata de um assunto privado de família. “As crianças pertencem-nos“.

Além do crime de exposição ao abandono, agravado com a morte da criança, em causa estarão também a alegada construção de equipamentos de forma irregular,  festas que poderão estar relacionadas com tráfico de droga e eventuais burlas, relacionadas com donativos de membros da comunidade.

As buscas identificaram cinco crianças a viver no local, das quais duas foram sinalizadas por técnicos da Segurança Social e autoridades de saúde presentes na operação. Caso seja provado o incumprimento da legislação em vigor, o Reino do Pineal pode perder a guarda das crianças.

Na quinta-feira, depois das buscas da PJ, a mulher e filha do líder do Reino do Pineal foram levadas pelas autoridades. Num vídeo no YouTube, Água Pinheiro diz que a sua companheira e filha estão “presas” e foram levadas sem razões claras.

“Não me deram nenhuma razão para acharem que a minha filha corria perigo por minha causa. Exijo saber quando é que elas serão libertadas”, afirma, frisando que não autoriza que a criança seja registada.

Entretanto, Água Pinheiro e a esposa foram constituídos arguidos no âmbito da morte da criança.

ZAP //

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2 Comments

  1. Estas seitas do xxxxxxx, que vão pregar para o fim do mundo, só me admira como o nosso País/ Governo anda a investigar ( não sei o quê) em vez de os correr daqui pra fora, como provavelmente já foram corridos de Inglaterra; deviam querer a Ilha do Pico para depois conquistar Portugal, seria?

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