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Papa Francisco já chegou. “Maré sem precedência” pinta Lisboa no 1.º dia da JMJ

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Miguel A. Lopes / Lusa

“Maré jovem sem precedência”. Centenas de milhares marcaram presença na missa de abertura da JMJ

Primeiro de seis dias foi marcado pela presença de 200 mil pessoas no Parque Eduardo VII, que celebram “uma igreja mais aberta” que “não quer abafar o passado”. Francisco já chegou e já distribuiu sorrisos, bênçãos e até piadas.

O Papa Francisco já chegou ao aeroporto militar de Lisboa, “Figo Maduro”, onde já distribuiu sorrisos, bênçãos e até fez piadas a jornalistas no voo: “muito obrigado pela vossa companhia e pelo vosso trabalho e vou cumprimentar-vos um a um. Obrigado”, disse.

Entre pedidos para que benzesse fotografias, em papel e no telemóvel, e medalhas e terços que os jornalistas trouxeram a pedido de colegas, Francisco também autografou livros. Sempre com um sorriso, disse ainda que esperava regressar a Roma rejuvenescido após a JMJ.

Esta terça-feira, jovens de todo o mundo pintaram o Parque Eduardo VII até ao Marquês de Pombal naquele que foi o primeiro de seis dias da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Bandeiras de todos os continentes começaram a ondular no Parque Eduardo VII a partir do início da tarde, nas mãos de grupos que foram enchendo o relvado central, em frente do palco onde às 19:00 se celebrou a missa de arranque da Jornada.

O presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, surpreendido pela “maré jovem sem precedência” que se encontra em Lisboa, marcou presença na abertura do evento e aguardava esta manhã a chegada do Papa Francisco, cuja primeira paragem será no Palácio de Belém.

“Não me lembro de uma maré jovem assim em Lisboa, não me lembro, não tem precedência”, afirmou o presidente, acompanhado do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.

Questionado sobre a polémica à volta da organização do evento, o chefe de Estado assumiu não ter dúvidas que o retorno compense o investimento, afirmando que “é, de facto, não só um momento único na vida de todos nós, mas dissipa todas as dúvidas, era só fazer contas”.

O chefe de Estado salientou que o milhão e tal de jovens instalados em Lisboa contribui para ocupar os restaurantes, as gelatarias e animar a manhã, tarde e noite da cidade que, nesta ocasião do ano, costuma viver “um período morto”.

Já sobre se o país está à altura de um evento desta dimensão, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou: “olha-se à volta e vê-se”.

“Esta é a juventude do Papa”

Em ambiente de festa e alegria, “conhecer jovens de outras culturas” e “partilhar a fé” num “momento de união” entre pessoas que pertencem à mesma Igreja são as motivações da maioria dos peregrinos. Na primeira fila, a bandeira de Portugal era a maior e a mais alta a oscilar ao vento, mas a primeira a posicionar-se no recinto foi a da Guatemala, trazida por um grupo de oito peregrinos, que desde as 13:00 guardavam lugar.

A movimentação no local foi grande, dificultando o trabalho dos voluntários que têm a responsabilidade de manter livre um corredor para emergências. Na lateral do palco, sentavam-se na relva milhares de padres e outros elementos do clero, para assistir à missa presidida pelo cardeal-patriarca Manuel Clemente. À medida que se aproximava a hora da missa cada vez mais grupos de jovens entoavam “Esta é a juventude do Papa”.

“Valeu a pena o caminho”

Na missa de abertura da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023, o cardeal-patriarca de Lisboa Manuel Clemente alertou para os riscos que os jovens correm ao trocarem o mundo real pelo virtual, “um mundo à escolha, diante de um ecrã e dependente de um clique que o mude por outro”.

“A virtualidade mantém-nos sentados, diante de meios que facilmente nos usam quando julgamos usá-los”, disse o anfitrião da JMJ, acrescentando: “pelo contrário, a realidade consistente põe-nos a caminho, ao encontro dos outros e do mundo como ele é, tanto para o admirar como para o fazer melhor”.

José Sena Goulão / Lusa

Papa Francisco beija bebé à chegada a Lisboa para a JMJ

“Foi para muitos um caminho difícil pela distância, as ligações e os custos que a viagem envolveu. Foi preciso juntar recursos, desenvolver atividades para os obter e contar com solidariedades que graças a Deus não faltaram”, afirmou, exortando-os: “É muito importante pôr-se a caminho. Assim devemos encarar a própria vida, como caminho a percorrer, fazendo de cada dia uma nova etapa”.

Na ocasião, Manuel Clemente deixou também uma palavra para os órgãos de comunicação social. “Vivemos mediaticamente e já não saberíamos viver doutro modo. Contamos com o seu apoio, mas não nos dispensamos de caminhar por nós mesmos, de contactar e verificar diretamente a realidade que nos toca, a nós e a todos”, avisou.

Aos jovens, deixou também a certeza de que “valeu a pena o caminho” que percorreram para chegar à JMJ, na variedade do que são, “de cada terra, língua e cultura”, confirmando ainda: “desejo que vos sintais ‘em casa’, nesta casa comum em que viveremos a Jornada Mundial. Bem-vindos!”

Francisco está a “reinventar a Igreja”

Milhares de peregrinos esperam levar destes dias uma mensagem de “inclusão” de um Papa que tornou a igreja “mais aberta” e tolerante.

Os participantes sublinham que Francisco está a “reinventar” a Igreja e a torná-la “mais aberta”. Há também quem lembre que o Papa publicou recentemente uma encíclica com preocupações ambientais ou que tem assumido problemas dentro da própria instituição, como os abusos sexuais por membros do clero.

“Não queremos abafar o passado e os erros do passado, e queremos construir um melhor futuro”, diz uma peregrina de 17 anos do Algarve a propósito dos abusos sexuais na Igreja.

A JMJ decorre até dia 06 de agosto em Lisboa, onde são esperadas mais de um milhão de pessoas. O evento é considerado o maior acontecimento da Igreja Católica. O segundo momento acontecerá já na quinta-feira, com a Cerimónia do Acolhimento, pelo Papa Francisco.

ZAP // Lusa

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3 Comments

  1. Entendo. Obrigado pela informação. Mas poderiam ter acrescentado (sic) para não haver dúvidas. Grato pela atenção dedicada.

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